terça-feira, 1 de outubro de 2013

Crianças de cinco e seis anos que habitam países de renda média ou baixa, como o Brasil, são influenciadas pelas propagandas de cigarro.

Pesquisadores afirmam que medidas mais eficazes precisam ser adotadas para afastar jovens da influência das campanhas de cigarro

Assim, correm um risco maior de se tornarem fumantes. Apenas no Brasil, 59% das crianças nessa faixa etária conhecem alguma marca de cigarro. Essa foi a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e publicado nesta segunda-feira no periódico Pediatrics.
A pesquisa foi realizada nos seis países com o maior número de adultos fumantes do globo, segundo dados de 2011 da Organização Mundial da Saúde: Brasil, China, Índia, Nigéria, Paquistão e Rússia. Os pesquisadores mediram o nível de influência das propagandas de cigarro nas crianças analisando se elas eram capazes de reconhecer logotipos de diversas marcas de cigarros. Os resultados foram considerados alarmantes: das 2.243 crianças que participaram do estudo, 68% reconheceram ao menos uma marca do produto.

O menor percentual foi encontrado na Rússia, onde 50% dos meninos e meninas identificaram pelo menos um logotipo. A maior porcentagem do estudo foi apresentada pela China, onde 86% das crianças que participaram do estudo mostraram-se familiarizadas com as marcas de cigarro.

Apesar das restrições relacionadas à propaganda de cigarros no Brasil, das 398 crianças que participaram do estudo, 236 (59%) afirmaram reconhecer alguma das marcas presentes no teste. “Isso mostra que a indústria de cigarros consegue driblar a proibição de comerciais e continua fazendo com que seus produtos sejam conhecidos pela população”, afirma Jaqueline Issa, cardiologista e coordenadora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor.

Segundo a cardiologista, a principal forma de driblar as restrições é a elaboração de embalagens com cores e logotipos marcantes, que acabam sendo facilmente associados ao produto. “Por isso, em países como a Austrália as embalagens de cigarros são neutras, sem cores nem logotipos. Esse tipo de iniciativa, porém, ainda não existe no Brasil”, conta.


De acordo com os pesquisadores, a conclusão do trabalho sugere a necessidade de medidas mais eficazes para limitar o impacto da publicidade dos fabricantes de cigarro nas crianças. Isso porque a exposição às campanhas pode estar associada a um aumento da probabilidade de começar a fumar.