Dezenove associações de policiais militares devem estar
representadas, na manhã desta terça-feira (1º), em frente ao Palácio dos
Bandeirantes, na zona sul de São Paulo, para uma manifestação contra recentes
anúncios de aumento salarial feitos pelo governo do Estado.
Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin oficializou a
criação de gratificação para a carreira de delegado de polícia, que vai elevar
o salário da categoria. A decisão irritou o comando da Polícia Militar, já que
o plano busca desvincular os salários dos delegados dos valores pagos aos
oficiais da PM.
Um dia depois do anúncio, o deputado estadual major Olímpio
Gomes (PDT) já afirmou que colocaria “a tropa da ativa na rua" e fecharia
"a frente do Palácio dos Bandeirantes". Também em reação ao plano, o
vereador coronel Paulo Adriano Telhada (PSDB) disse que Alckmin tratou os
policiais como "filhos bastardos".
Em entrevista ao Portal R7, Gomes explicou que o protesto
desta terça-feira também se opõe ao anúncio anterior de reajuste de 7% para
todas as carreiras de policiais, incluindo os ativos e os inativos. Para o
deputado, o aumento é “insignificante”, uma vez que representa um ganho real de
apenas 1,38% para os policiais militares.
Queremos uma revisão salarial mais justa do que esses 7% no
padrão. Essa é a reivindicação maior. Em um segundo momento, queremos que seja
apresentada uma proposta de reestruturação das carreiras de policiais
militares, porque as promoções são extremamente demoradas e desmotivantes.
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A concentração, que está marcada para as 9h na praça Vinícius
de Moraes, nos arredores da sede da administração paulista, também deve ter a
presença de agentes penitenciários e de policiais civis.
O major explica que os policiais civis estão reivindicando a
apresentação de uma reestruturação das carreiras. Já os agentes penitenciários
querem cobrar o governo pela redução de oito classes na carreira para seis, o
que teria sido prometido, mas não vem sendo cumprido.
Greve
O ato, segundo Olímpio, deve ser o primeiro de uma série. Ele
explicou que visitou na semana passada alguns quartéis da Polícia Militar pela
capital, pedindo apoio daqueles agentes que estiverem afastados ou de folga, e
compreensão dos que estiverem em serviço durante a manifestação, evitando que o
“protesto ordeiro e pacífico” possa ser marcado por algum tipo de tensão extra.
Logicamente eles terão missão deles de balizar e
acompanhar, mas que não tenha qualquer ação de força para impedir a
manifestação, porque ela terá um caráter pacífico, ordeiro, mas incisivo na
porta do palácio do governo para dizer o que está acontecendo com a família
policial, e por consequência o desdobramento disso em uma péssima prestação de
segurança pública que a população tem hoje.
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plano salarial para delegados
Para Olímpio, embora a Constituição Federal proíba que
policiais militares realizem greves, tal condição não está descartada em São
Paulo.
Sendo certo que o ato será o primeiro de uma série, em que
não havendo o atendimento, poderá se chegar a uma paralisação das atividades da
Polícia Militar. Muito embora, constitucionalmente, exista um impedimento do
Estado para sindicalização e paralisação de policiais militares, tivemos
exemplos recentes nos últimos dez anos na Bahia, em Minas Gerais, no Amazonas,
no Rio de Janeiro com os bombeiros, em que a situação ficou tão aguda que houve
uma mobilização mais intensa, se chegando a uma paralisação das atividades.
Os líderes da manifestação não esperam ser recebidos por
Alckmin nesta terça-feira, tampouco montar acampamento em frente aos portões do
Palácio dos Bandeirantes. Para a categoria, o momento é de “marcar
posição”.