Em Feira de Santana (a 108 km de Salvador), 302 detetives
particulares estão registrados na empresa FBI - Federação Brasileira de
Investigação, com sede no município. Diariamente eles são contratados para
investigar desaparecimentos de adultos, crianças e animais domésticos, bem como
para a produção de provas para fins judiciais, em casos de adultério, furtos,
roubos, homicídios e ameaças anônimas, entre outros. Os serviços, a depender da
complexidade, variam de R$ 3 mil a R$ 40 mil.
A empresa FBI funciona em uma sala localizada no Centro de
Feira de Santana. Logo na entrada do escritório, há uma câmera filmadora.
Abaixo, um cartaz do filme Homens de Preto dá as boas vindas. Bonés e óculos
pretos, botões de camisas, canetas e óculos que fotografam e filmam, algemas,
lunetas, máquina fotográfica, binóculos, lupas, celulares e luvas completam o
cenário do "QG" investigativo.
Segundo José Pedro Pereira Nunes, 50, casado, seis filhos,
conhecido como "detetive Dé", proprietário da FBI, a profissão de
detetive particular é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal pela Lei
9649/98, e artigo 58º da mesma lei. "A profissão de detetive particular é
livre de qualquer embaraço fiscalizador, por parte de qualquer órgão, sejam
conselhos, associações, etc", informa.
007- Registrado na FBI com o numero 007 (nos faz lembrar de
Bond, James Bond), Dé diz que se especializou nos Estados Unidos, onde estudou
a profissão durante seis meses. Segundo ele, a empresa é muito procurada por
pais preocupados com os comportamentos dos filhos nas escolas. "Eles
querem saber se os jovens usam drogas, armas e com quem andam". Hoje esse
tipo de contratação é o mais comum, segundo Dé, "mas os casos de adultério
também têm gerado muitas investigações", acrescenta.
Falando de adultério, o detetive particular informou que
normalmente os homens traem muito mais do que as mulheres. "Elas apenas se
vingam". Dé revela que o horário preferido para as "puladas de
cerca" é exatamente o horário do almoço. Na estatística do detetive, o
município de Serrinha (a 180 km de Salvador), tem o maior índice de traições
amorosas.
Ele garante ser procurado por empresários de vários estados
do País como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santos, Manaus e Alagoas. Dé
diz também que já prestou serviços no Irã e no Iraque. "Fui em missão
especial, a serviço dos EUA. Não posso dizer para quê, porém obtive
sucesso".
Polícia - Segundo o coordenador de Polícia Civil do
município, Ricardo Brito, a função oficial de investigação é prerrogativa da
Polícia Civil e do Ministério Público: "Não trabalhamos em parceria com
detetives particulares, nunca precisamos desse apoio".
O tenente-coronel PM Elenilson Santos, subcomandante do
Comando de Policiamento Regional Leste não vê "nada demais" nessa
profissão, desde que haja profissionalismo e que a empresa seja legalizada.
"Os profissionais precisam manter o sigilo dos fatos
apurados, sem expor a liberdade e a vida dos envolvidas no processo
investigativo", lembra.