segunda-feira, 28 de julho de 2014

Familiares e vizinhos garantem que jovens foram executados por PMs no Morro do Fallet

Rafael, que morreu com um tiro na cabeça
O pedreiro Rafael de Sousa Zerbinato, de 24 anos, pendurava as bandeirinhas da festa junina, na Rua Eliseu Visconti, no Morro do Fallet, no Rio Comprido, quando ouviu tiros. Foi baleado quando correu para salvar o sobrinho, de oito anos, que brincava na rua, conta a família. O mototaxista Vitor Luís Rodrigues, de 38, voltava da casa da mãe, a pé, quando foi assassinado por PMs, dizem os parentes. Ao registrar os casos na 5ª DP (Mem de Sá), seis policiais militares da UPP da comunidade foram presos em flagrante por homicídio e levados para o Batalhão Especial Prisional. 

Na versão dos PMs, o tiroteio começou quando — durante um patrulhamento, sábado, por volta de 14h — eles viram homens armados numa localidade conhecida como Holanda. Eles teriam gritado “Para!”, mas os suspeitos correram e, durante a fuga, Vitor teria sacado uma arma e atirado contra a guarnição, que reagiu e o atingiu.
A mãe de Rafael, durante o enterro do jovem
De acordo com o depoimento dos militares na delegacia, ao se aproximar da vítima, eles teriam sido, mais uma vez, alvos de disparos. Os soldados Raoni Santos Lima, Cesar Rodrigo Pavão Duarte, Antonio Carlos Roberto, Roberto do Nascimento Barreto, Vinicius Castro Nascimento e Adriano Costa Barro contaram que ficaram encurralados e, só depois de duas horas, foram resgatados por outros PMs. 
Os moradores narram que, com o cessar dos tiros, pessoas foram para a rua terminar de enfeitar o local para a festa. Neste momento, Rafael foi baleado na cabeça por PMs. 
— Meu irmão ainda gritou o nome do sobrinho. Mesmo assim atiraram. Eu vi meu irmão caindo ensanguentado. Um monte de criança viu — lamentava a irmã, Adriany de Souza Muniz, de 17 anos.
Familiares e amigos durante o sepultamento de Vitor Luis
O jovem, que deixou uma filha, foi enterrado no Cemitério do Catumbi. Já o corpo de Vitor foi sepultado Cemitério São João Batista. 

Apreensões 

De acordo com PMs, com Vitor foram apreendidas uma pistola, um radiotransmissor, 175 trouxinhas de maconha, R$ 65 em espécie e um caderno de anotações do tráfico. 

Armas 

As armas usadas pelos PMs (um fuzil e sete pistolas) também foram recolhidas para perícia. 

Prisão 

De acordo com a Polícia Civil, a prisão foi pedida com base na perícia do local e em testemunhas. O delegado Rômulo Vieira entendeu que os PMs reagiram “de maneira exacerbada” e alteraram a cena do crime, retirando o corpo de Vitor do local. 

Investigação 

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Fonte: Extra