domingo, 1 de dezembro de 2013

Índios ‘invadem’ a Grande BH.

 Índios ‘invadem’ a Grande BH
O processo de migração indígena é silencioso, mas nos últimos dois anos pode ser cada vez mais notado, tanto nas ruas e praças do Centro de Belo Horizonte quanto na região metropolitana.

Com o número crescente de indígenas deixando as reservas no Sul da Bahia, e sem um local adequado para abrigá-los na área urbana, a Prefeitura de BH pode ter, no futuro, um problema grave para resolver.

O alerta é do sociólogo, antropólogo e cientista político Leônidas Valadares Viegas Lopes, destacando que, ao chegarem nos novos territórios, os índios encontram dificuldades para se assentar e passam a viver em favelas.

“A garantia do direito à moradia é um dos principais desafios aos povos indígenas que migram para as cidades, mas há também questões como a educação dos filhos, saúde, alimentação e violência, no contexto da segurança urbana”, diz.

A constatação do professor é confirmada por Marinalva Maria de Jesus, representante da Associação dos Povos Indígenas de BH e Região Metropolitana (APIBHRM). Ela já identificou quase 8 mil índios em situação de penúria na capital e cidades como Ibirité, Vespasiano, Ribeirão das Neves e Juatuba. “Nas colônias, que ficam nos aglomerados, em cada barraco vivem até 20 pessoas”, lamenta Marinalva.

Dificuldades

Pela cidade, os índios enfrentam vários desafios. Na última sexta-feira, em um ponto de ônibus na região hospitalar da capital, um grupo tentava pegar o ônibus para o bairro Jardim Vitória, na região Nordeste.

O destino era um porão de três cômodos, onde o pataxó Sucupira “de branco” é Willian Lima de Souza) vive com 18 pessoas, dentre elas um recém-nascido.

“Sofremos para morar e muitos motoristas ainda não aceitam nossa presença nos coletivos”, reclamou, referindo-se ao fato de andarem sem camisa e a caráter, com cocares e enfeites pelo corpo.

A BHTrans reconhece o problema e informou que as reclamações já haviam sido registradas. Se for constatada alguma irregularidade na conduta dos motoristas, o consórcio responsável pela linha poderá ser punido. No entanto, frisa que, por lei, ninguém pode andar sem camisa nos coletivos.

Os pataxós reclamam das agressões físicas, psicológicas e verbais a que são submetidos diariamente, enquanto vendem artesanato nas ruas de BH. Os relatos estão sendo analisados pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo a assessoria do órgão, depois de registrar três casos somente na semana passada, o MPF instaurou um inquérito sobre as ocorrências.


A questão da migração indígena foi discutida, em fevereiro deste ano, numa reunião entre a Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (Cpir) da PBH, a FUNAI, a Defensoria Pública e membros da APIBHRM. Ficou previsto para 2014 um diagnóstico da situação indígena em BH. hojeemdia