quinta-feira, 20 de junho de 2013

Protesto termina com bombas de gás e recuo de manifestantes no CE

Professora mostra marcas de bala de borracha no corpo (Foto: Gioras Xerez/G1)
A manifestação contra os gastos com a Copa em Fortaleza terminou antes do fim do jogo entre Brasil e México. Para fazer os manifestantes recuarem, já que estavam bem próximos à Arena Castelão, os policias aumentaram o reforço da barreira na Avenida Paulino Rocha e jogaram várias bombas de efeito moral em direção ao grupo que voltou para a BR-116, onde houve a dispersão. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, 25 mil pessoas participaram do ato.
Segundo o Comandante da Polícia Militar, Coronel Werisleike Matias, o balanço parcial é de oito presos. "As pessoas foram detidas por desacato, lesão corporal e dano ao patrimônio e encaminhadas ao 16º Distrito Policial", disse. Para o comandante, a polícia cumpriu o papel de conter os manifestantes.Grupo protesta contra gastos da Copa e contra corrupção (Foto: Gioras Xerez/G1)
Os manifestantes começaram a se concentrar às 10h na Avenida Alberto Craveiro e seguiram pela mesma via, furaram uma das barreiras policiais e pararam na segunda - este foi o primeiro confronto com a PM -, então, voltaram para BR-116, e, a seguir, caminharam pela Avenida Paulino Rocha, fechando duas das quatro vias principais de acesso ao estádio. De acordo com alguns participantes, como o diretor de vídeo publicitário Felipe Naur, na barreira policial da Avenida Paulino Rocha, as pessoas da frente começaram a avançar para o bloqueio e os policiais jogaram bombas de gás e atiraram balas de borracha.
Vândalos incendiaram um carro da Autarquia Municipal de Trânsito que estava estacionado próximo ao bloqueio da Avenida Alberto Craveiro. Até as 15 horas, uma parte dos manifestantes permaneceu no Avenida Alberto Craveiro e, depois, se uniram ao grupo que foi em direção à Avenida Paulino Rocha.
Dois repórteres do G1 que faziam a cobertura entre os manifestantes também foram atingidos com bombas de gás lacrimogêneo. Com a dispersão, alguns manifestantes depredaram jarros de canteiro, fotossensores e barras de ferro. Uma tenda foi incendiada.
No momento da ação da polícia, o protesto seguia pacífico, pessoas cantavam palavras de ordem. Entre eles, o grupo dos estudantes do curso de Música da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rian Rafaiel e Ismael Angelus. "Trouxemos flautas, percussão e a voz, que é o nosso principal instrumento. Estamos aqui porque isso afeta todo mundo. Não dá para ficar de braços cruzados”, afirma Ismael.
Um das manifestantes, a professora de educadora física, Ceila Miranda, estava com marcas de bala de borracha em todo corpo e seguiu para o grupo da frente do protesto na Avenida Paulino Rocha. Ela estava na linha de frente na Alberto Craveiro e, durante o confronto, foi um dos atingidas com os tiros da polícia. Outras pessoas ficaram feridas, entre elas, jornalistas.
A professora é do Mato Grosso do Sul, mora há dois anos em Fortaleza e deu o ingresso do jogo para participar do ato. “Essa é a cidade que eu escolhi parta viver quando soube que ia ter essa manifestação não pensei duas vezes. Era para todo mundo estar aqui”.Mensagem em placa pede o fim da corrupção (Foto: Gioras Xerez/G1)
Depois do primeiro confronto com os policiais, as pessoas caminharam da Avenida Alberto Craveiro, onde iniciou a protesto, erguendo cartazes, faixas, bandeiras do Brasil. Entre as palavras de ordem contra a Copa, a corrupção e o governador Cid Gomes, os manifestantes cantavam o hino nacional.
Durante o caminho até a Avenida Paulino Rocha, alguns grupos se dividiram. Uns ficaram sobre o viaduto ao lado do Makro, bloqueando um ônibus que levava torcedores do México. Alguns desceram, foram aplaudidos pelos manifestantes e posaram para fotos. “Apoiamos o protesto”, disse o casal de mexicanos Miguel e Monica Ortega. Manifestantes reclamam de altos gastos com obras da Copa do Mundo (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
Muitos torcedores também ficaram sem assistir ao jogo. Um grupo de turistas desceu na sede da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e não conseguiram passar do bloqueio do polícia. De acordo com o guia que levava os torcedores, de 150 pessoas, apenas conseguiram chegar ao Estádio Castelão. Manifestantes vaiavam quem passava para o jogo, mas não impediam as pessoas de irem até o Castelão.