O caso de Orlânia Boaventura dos Santos, de 36 anos de idade,
moradora do bairro Antônio Lourenço, em Ipiaú, é semelhante à um enredo de
novela. A história teve início na cidade baiana de São João do Paraíso. Aos
três meses de idade, os pais de Orlânia se separaram e a criança fica com o
pai. Devido a falta de condições financeiras da mãe em cria-la, o casal decidiu
em comum acordo que o bebê ficaria com o pai. Meses depois, o homem conhece uma
mulher com quem se casa, formando outra família. A menina então passou a ser
criada pela avó. Um ano e meio após a separação, a mãe de Orlânia encontra um
irmão do ex-companheiro, a quem pergunta sobre a sua filha.
Por conta de alguns conflitos na família, o homem resolve
mentir, informando que a criança tinha sofrido uma doença e veio a falecer.
“Como na época ele não gostava de mim, ele falou que a menina ficou muito
doente e que tinha morrido. Aí, um ano e pouco depois eu fui embora para o Rio
de Janeiro”, conta dona Nalva Maria Boaventura, 58, mãe de Orlânia. A menina
cresceu e sempre sonhou em um dia encontrar a mãe. Já dona Nalva resolveu
enterrar o passado e, no Rio, conhece um homem, se casa e tem quatro filhos.
Passados os anos, em agosto de 2016, Orlânia comenta com a
prima Índira sobre a vontade de conhecer sua mãe. A jovem então, conta o caso
para o policial militar Jackson Fagundes, especialista em realizar encontros
entre parentes afastados pelo tempo. Ele resolve fazer uma busca e encontra
pistas da mãe de Orlânia. A princípio, após contato telefônico com os filhos de
dona Nalva, eles negam ter uma irmã na Bahia. Depois de muitas ligações do PM,
Nalva Boaventura lembra-se de sua filha que acreditava estar morta. Ainda em
agosto do ano passado, as duas iniciaram as conversas via telefone e aplicativo
whatsapp.
No último dia 03 de fevereiro, dona Nalva viajou para a Bahia
e foi recebida por Orlânia no terminal rodoviário de Ubaitaba. Há uma semana,
mãe e filha estão juntas, em Ipiaú, aproveitando cada instante para remontar o
sentimento que por 36 anos esteve oculto. Hoje, Orlânia é casada e mãe de três
filhos. Ela fez questão de se registrasse os agradecimentos ao seu esposo, a
prima Índira e ao PM Jackson Fagundes, pessoas que segundo ela não mediram
esforços para realizar o encontro. Dona Nalva volta neste sábado para o Rio de
Janeiro, mas na certeza que a distância geográfica não será capaz de mantê-las
afastadas novamente. //Giro Ipiaú