sábado, 19 de setembro de 2015

Há 10 anos mulher com deficiência mental vive presa em quarto

Uma mulher de 31 anos, e que possui problemas mentais, vive há cerca de 10 anos presa em seu próprio quarto, em uma casa simples do bairro Aviário, na cidade de Feira de Santana, localizada a cem quilômetros de Salvador. Edilene Oliveira Lima passa o dia inteiro no cômodo, que fica trancado com grades e cadeados.

Foi na adolescência que os transtornos da mulher se intensificaram. Ela fugia de casa constantemente e andava nua pelas ruas da cidade. Com o tempo, Edilene foi demonstrando sinais de agressividade, e o jeito encontrado por Gildete Oliveira, mãe da moça, foi colocar grades no quarto da filha. Para piorar, Gildete sofreu um AVC que deixou sequelas, e hoje ela precisa de ajuda para se locomover, está fraca, e tem confusões mentais.

Quem tem cuidado das duas é um casal de vizinhos. "Minha esposa fica tomando conta da menina. Ela fica no quarto, cheia de fezes. Não tem condições. Minha esposa que vem dar banho na menina", conta o comerciante Gerivaldo Souza.

Silvaneide Lins, trabalhadora autônoma, esposa de Gerivaldo, afirma que Gildete não tem condições nenhuma de criar Edilene. "Ela não consegue dar banho, dar comida. Não toma mais banho também", revela. "Eu desejo que ela fique em um lugar seguro, com saúde, tendo alimentação, limpeza", completa Silvaneide.
Segundo Robervânia Cunha, coordenadora de saúde mental de Feira de Santana, desde 2008 uma equipe do Centro de Atenção Psicossosical (Caps) vai até a casa de Gildete e Edilene, para que elas sejam medicadas, mas destaca que a situação das duas é complicada porque elas não têm parentes na cidade. Robervânia ainda explicou que Edilene não pode ser internada porque desde 2001 uma lei proíbe a internação permanente em hospitais psiquiátricos. "Há casos, como este de Edilene, que precisam de um acompanhamento, e em um momento de crise ela precisa ser internada, nem que seja por um período", afirma.

Ela ainda diz que está tentando uma solução para o caso das duas mulheres. "Estamos nos reunindo com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Ministério Público, Defensoria Pública, para discutirmos o caso e chegarmos a uma solução. Nós ainda não encontramos essa solução, porque elas não têm parentes", afirma Robervânia.

A diretora do Hospital Colônia Lopes Rodrigues, Iraci Leite, disse que este atendimento de emergência pode ser feito pelo hospital, mas não a internação permanente, por causa da lei. Já a coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Lucibele Alves, disse que, por lei, o órgão só pode prestar assistência social, o que, segundo ela, tem sido feito.

Lucibele afirma ainda que Gildete teve toda a documentação regularizada pelo órgão, que também garantiu para ela um imóvel no programa Minha Casa Minha Vida, em um conjunto que está sendo construído no Parque da Cidade. Ela também afirmou que a assistência médica está sendo prestada, além do Caps, também pelo programa Saúde da Família, e que o aluguel da casa em que mãe e filha moram atualmente é pago com a aposentadoria de Gildete. G1 Bahia, com informações da TV Subaé.