Uma mulher de 31 anos, e que possui problemas mentais, vive há
cerca de 10 anos presa em seu próprio quarto, em uma casa simples do bairro
Aviário, na cidade de Feira de Santana, localizada a cem quilômetros de
Salvador. Edilene Oliveira Lima passa o dia inteiro no cômodo, que fica
trancado com grades e cadeados.
Foi na adolescência que os transtornos da mulher se
intensificaram. Ela fugia de casa constantemente e andava nua pelas ruas da
cidade. Com o tempo, Edilene foi demonstrando sinais de agressividade, e o
jeito encontrado por Gildete Oliveira, mãe da moça, foi colocar grades no
quarto da filha. Para piorar, Gildete sofreu um AVC que deixou sequelas, e hoje
ela precisa de ajuda para se locomover, está fraca, e tem confusões mentais.
Quem tem cuidado das duas é um casal de vizinhos. "Minha
esposa fica tomando conta da menina. Ela fica no quarto, cheia de fezes. Não
tem condições. Minha esposa que vem dar banho na menina", conta o
comerciante Gerivaldo Souza.
Silvaneide Lins, trabalhadora autônoma, esposa de Gerivaldo,
afirma que Gildete não tem condições nenhuma de criar Edilene. "Ela não
consegue dar banho, dar comida. Não toma mais banho também", revela.
"Eu desejo que ela fique em um lugar seguro, com saúde, tendo alimentação,
limpeza", completa Silvaneide.
Segundo Robervânia Cunha, coordenadora de saúde mental de
Feira de Santana, desde 2008 uma equipe do Centro de Atenção Psicossosical
(Caps) vai até a casa de Gildete e Edilene, para que elas sejam medicadas, mas
destaca que a situação das duas é complicada porque elas não têm parentes na
cidade. Robervânia ainda explicou que Edilene não pode ser internada porque
desde 2001 uma lei proíbe a internação permanente em hospitais psiquiátricos. "Há casos, como este de Edilene, que precisam de um acompanhamento, e em
um momento de crise ela precisa ser internada, nem que seja por um
período", afirma.
Ela ainda diz que está tentando uma solução para o caso das
duas mulheres. "Estamos nos reunindo com o Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas), Ministério Público, Defensoria
Pública, para discutirmos o caso e chegarmos a uma solução. Nós ainda não
encontramos essa solução, porque elas não têm parentes", afirma
Robervânia.
A diretora do Hospital Colônia Lopes Rodrigues, Iraci Leite,
disse que este atendimento de emergência pode ser feito pelo hospital, mas não
a internação permanente, por causa da lei. Já a coordenadora do Centro de
Referência de Assistência Social (Cras), Lucibele Alves, disse que, por lei, o
órgão só pode prestar assistência social, o que, segundo ela, tem sido feito.
Lucibele afirma ainda que Gildete teve toda a documentação
regularizada pelo órgão, que também garantiu para ela um imóvel no programa
Minha Casa Minha Vida, em um conjunto que está sendo construído no Parque da
Cidade. Ela também afirmou que a assistência médica está sendo prestada, além
do Caps, também pelo programa Saúde da Família, e que o aluguel da casa em que
mãe e filha moram atualmente é pago com a aposentadoria de Gildete. G1 Bahia, com informações da TV Subaé.