sábado, 1 de agosto de 2015

Pesquisa aponta que 75,6% dos agentes de segurança já foram ameaçados em serviço

Pesquisa inédita realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgada nesta quinta-feira mostra como a vida dos agentes de segurança é afetada pelo exercício da profissão. Segundo o levantamento, 75,6% deles já foram ameaçados em serviço e 53,1%, fora dele. O estudo mostra que, por se sentirem em risco por conta do trabalho, eles mudam os hábitos quando estão fora do emprego.

O uso de transporte público, por exemplo, é evitado por 61,8% dos entrevistados, enquanto 44,3% têm o hábito de esconder a farda e/ou o distintivo no percurso entre a casa e o local de trabalho, e 35,2% procuram esconder a profissão até mesmo de parentes e amigos.

As mudanças de hábito mais notadas são a de observar o movimento da rua antes de entrar no prédio ou em casa (92,5%) e não sentar de costas para a entrada em locais públicos (87,4%). Embora sejam minoria, há ainda quem deixe de conviver com vizinhos e limite o círculo de amizade aos colegas de trabalho.

 A “Pesquisa de vitimização e risco entre profissionais do sistema de segurança pública”, produzida pelo Fórum em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Secretaria Nacional de Segurança de Segurança Pública, ouviu 10.495 agentes de segurança pública (policiais militares, civis, federais e rodoviários federais, além de bombeiros, guardas municipal e agentes penitenciários) de todo o país. O levantamento, divulgado durante o 9° Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Rio, informa que a maioria dos agentes de segurança conhecem companheiros de trabalho que morreram em virtude da profissão: 70% têm colegas que foram vítimas de homicídio fora do trabalho e 61,9% têm colegas que foram vítimas de homicídio em serviço.

Pesquisas anteriores do Fórum já mostravam que a maioria dos policiais morrem fora de serviço, quando fazem os chamados “bicos”. A maioria dos agentes de segurança (65,7%) relata já terem sido descriminados por conta de seu trabalho e, num ambiente em que a hierarquia é rígida, 63,5% afirmam que foram vítimas de assédio moral ou humilhação no ambiente de trabalho. Além disso, a pesquisa revela que os agentes de segurança também se sentem inseguros quanto a sua atuação profissional. Principalmente, por falta de equipamentos de proteção (54,5%), falta de apoio do comando (55,1%) e falta de apoio da sociedade (59,7%). O Globo