O confronto entre policiais militares e manifestantes do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra na tarde desta quarta-feira (12) na
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, terminou com 32 pessoas feridas – 30
PMs e dois integrantes da marcha. De acordo com o comando da PM, oito policiais
precisaram de atendimento médico em hospitais.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, parte dos policiais foi
atendida no posto da Câmara dos Deputados e outros levados ao Hospital de Base.
Segundo a assessoria da PM, os policiais feridos que necessitaram de
atendimento médico foram atingidos por pedras e pedaços de paus na cabeça. Eles
não correm risco de morte, segundo a corporação.
A marcha pela reforma agrária reuniu cerca de 15 mil pessoas,
segundo a PM, e interrompeu o trânsito na área central da capital. Na Praça dos
Três Poderes, houve enfrentamento entre integrantes da passeata e policiais.
Os manifestantes ocuparam a praça, onde fica o Congresso
Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, sede do Poder
Executivo. A presidente Dilma Rousseff não se encontrava no palácio no momento
do tumulto – ela estava no Palácio da Alvorada, residência oficial.
Em pelo menos três momentos houve confusão entre policiais
militares e manifestantes na Praça dos Três Poderes. O Batalhão de Choque da PM
chegou a jogar bombas de gás e dar tiros de borracha na direção dos sem-terra.
Manifestantes arremessaram objetos contra os PMs.
Depois do tumulto, os manifestantes se concentraram no gramado
em frente ao Congresso Nacional. Segundo lideranças do MST, um manifestante foi
detido após confronto e pelo menos dois ficaram feridos.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que acompanhou a
manifestação do alto de um carro de som, disse que os manifestantes não tinham
a intenção de invadir prédios públicos. "A polícia achou que eles tinham a
intenção de invadir o Palácio do Planalto, mas nunca houve essa ideia. A
polícia foi para cima e os manifestantes reagiram. Estou aqui desde o começo
para não deixar virar pancadaria", disse o parlamentar.
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, conversou com manifestantes e recebeu uma carta do MST. Ele informou
que na manhã desta quinta a presidente Dilma Rousseff receberá uma comissão de
representantes do movimento.
Embaixada dos EUA
Antes, por volta das 15h30, manifestantes entraram em
confronto com a polícia em frente à embaixada dos Estados Unidos. Um policial
chegou a apontar uma arma de pulsos elétricos em direção aos manifestantes.
Os policiais fizeram um cordão de isolamento em frente à
embaixada, para impedir a aproximação dos manifestantes. O grupo seguiu apenas
pela via lateral ao prédio.
Pouco depois das 16h, os manifestantes entraram em confronto
com os policiais. Um grupo de sem-terra tentou ultrapassar uma barreira de PMs
e houve troca de socos e pontapés.
Alguns manifestantes disseram que houve uso de spray de
pimenta. A corporação negou o fato e disse que o movimento transcorria com
tranquilidade até que "baderneiros infiltrados" iniciaram a confusão.
Por causa da manifestação, a segurança do Supremo retirou os
ministros do prédio. A sessão desta quarta do tribunal foi suspensa e
posteriormente retomada.
O presidente em exercício da Corte, Ricardo Lewandowski, informou
por volta de 16h10 que havia risco de invasão ao tribunal pelo grupo do MST.
"Fui informado agora pela segurança que o tribunal corre
o risco de ser invadido", afirmou Lewandowski naquele momento.
Um grupo chegou a derrubar as grades que protegem o tribunal,
mas foi barrado pela segurança do Supremo Tribunal Federal.
Às 19h, a maior parte dos manifestantes retornou para o
acampamento montado ao lado do estádio Nacional Mané Garrincha.