A presença
de grupos nazifascistas infiltrados nas recentes manifestações populares tem
preocupado e está na mira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, que
pode acionar o Ministério Público (MP).
O assunto
foi um dos temas debatidos nesta segunda-feira na Ordem — reforma política e
arbitrariedade da polícia também ganharam destaque.
“Há um grito
de alerta nas ruas. E uma clara disputa entre fúria e esperança. O nosso papel
é garantir a democracia apostando na esperança’, disse Felipe Santa Cruz,
presidente da OAB-RJ, enquanto anunciava a criação de comitê de mobilização
para a reforma política — formado por entidades de classe, movimentos
estudantis, partidos políticos e sociedade civil.
Santa Cruz
afirmou que a instituição tem recebido denúncias com clara identificação de
nazifascistas e de pessoas mascaradas com pedaços de madeira na mão. Para a
entidade, o indeferimento de pedidos de prisão temporária por envolvimento em
vandalismos tiveram um porquê.
Em Niterói,
na semana passada, grupo usando camisas para esconder o rosto causou depredação
“Cabe à
polícia fazer peças fundamentadas e com provas que embasem esses pedidos”,
explicou Santa Cruz.
Já o
presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Marcelo Chalreo, afirmou
que as provas contra nazifascistas serão encaminhadas ao MP.
“É preciso
fazer uma distinção entre aquelas pessoas que foram vistas portando objetos e
outras que portavam objetos similares apenas para se defender. Meliantes
fascistas foram para as manifestações a fim de agredir pessoas de partidos
políticos, de entidades sindicais. Essas pessoas, sob legítimo direito de
defesa, portavam objetos”, concluiu Marcelo.
Prefeitura:
prejuízo de R$ 1,5 milhão
Segundo a
prefeitura, os estragos causados por vândalos após as manifestações de
quinta-feira, no Centro, geraram prejuízo de R$ 1,5 milhão. A Avenida
Presidente Vargas teve o maior número de mobiliário urbano danificado.
Os reparos
começaram na madrugada do dia 21, com efetivo de 115 garis, para limpeza e
remoção de pichações em monumentos e prédios públicos. Na conta da destruição,
estão 340 cestas de lixo e cinco relógios públicos.
Ao todo, 62
pontos de ônibus foram quebrados em vários bairros e 46 placas com nomes de
ruas foram furtadas ou destruídas.
Estrangeiros
têm incluído as manifestações que explodiram no Rio em seu roteiro turístico.
No albergue Happy Rio, em Copacabana, finlandeses e canadenses fizeram uma
pequena excursão para o ato de quinta-feira na prefeitura.
“Eles viram
na manifestação um viés cultural e quiseram se envolver”, disse o gerente José
Granado. Estudantes argentinos também acompanharam os atos. “No meu país,
manifestações são corriqueiras, por isso, não me senti intimidada”, afirmou
Eugenia Scapigliati, 23.
Os
americanos Lionel Ifill e Jay Fagan, de 30 anos, seguiram a passeata de domingo
em Copacabana. “É importante esse tipo de reação do povo”, analisou Ifill. Até
quinta feira, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis divulgará se há
impacto das manifestações na hotelaria.