Passado um mês da chacina na qual quatro pessoas morreram, na Estrada Intendente Magalhães, em Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio, Pâmela Gama da Silva, de 23 anos, uma das sobreviventes, ainda tenta juntar os cacos e reconstruir a vida. Uma das providências tomadas por ela foi se mudar de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, para preservar a família.
Pâmela perdeu um irmão, dois amigos e o avô de consideração quando tentava reaver o dinheiro de uma compra desfeita na loja Miguel Veículos. Acusados de serem os autores do massacre, Bruno e Marcelo Guimarães dos Santos, de 32 e 44 anos, irmãos do gerente da Loja, Milton Maciel dos Santos Filhos, ainda estão foragidos. E o medo atormenta Pâmela e seus parentes. Ontem, na nova casa, a jovem passou o Dia das Mães com a mãe, Anna Carla, e contou que aos poucos tem retomado as atividades do dia a dia, além de contar com o apoio da família após acusações de que teria sido responsável pelas mortes.
— Mudei de cidade pelo medo. Minha mãe está aqui. Nosso avô e meu irmão estarão sempre nas nossas lembranças. Eles sempre estavam com a gente nestes momentos. A minha família não me discriminou, me deu apoio. O meu irmão Jonathan, de 18 anos, já tirou um curativo do pé. Estamos tentando tocar a vida. Voltei a fazer o curso e a trabalhar — explicou.
No dia 13 de abril, Pâmela levou os dois irmãos, o avô e dois amigos à loja em Vila Valqueire para tentar reaver os R$ 2 mil, desembolsados para a compra de um Celta 2004. Segundo ela, o gerente da concessionária se recusou a devolver o valor e os aconselhou a deixar a loja para que “algo mais sério não acontecesse”.
Diante da recusa, dirigiram-se a outra loja, na mesma rua, e foram seguidos por três homens que executaram quatro vítimas. Pâmela escapou porque o funcionário da outra loja negou que ela estivesse com o grupo. Um de seus irmãos foi ferido na perna.
— A gente não esperava que tudo isso fosse acontecer. Em nenhum momento, achamos que eles chegariam a esse ponto por causa de R$ 2 mil. O dinheiro a gente recupera. A vida deles, não — lamentou.
A Divisão de Homicídios tem dois mandados de prisão temporária contra Bruno e Marcelo Guimarães. Milton Maciel está preso, acusado de ser o mandante do crime.
— Reconheci dois. A polícia me ligou porque tinha foto de um terceiro. Iam marcar para eu reconhecer. Mas preciso saber se o gerente vai continuar preso — comentou.
