Mãe de duas crianças, uma jovem capixaba guarda com carinho a cartinha que recebeu de uma das filhas no último Dia das Mães. É a esperança de dias melhores. Com 26 anos, ela está grávida de nove meses e é usuária de crack desde os 16. Ela quer mudar de vida, mas não sabe o que fazer para deixar de ser dependente química.
"Minha tia cuida dos meus outros filhos. Quero me recuperar para voltar a cuidar de todos eles", comentou.O especialista em dependência química Roney Oliveira analisou os exames da jovem e ainda constatou que ela está com anemia. O histórico da gravidez vai indicar se o bebê pode ser prejudicado. "Há sempre o risco de consequências para o bebê. Isso vai depender do padrão de uso, do quanto ela usou e do estágio da gestação durante o uso", explicou.
Segundo especialistas, em casos como o da jovem, onde se é usuário de drogas por muitos anos, há uma série de fatores que devem ser analisados para determinar as chances de recuperação. "Essa questão de definir o tratamento não leva apenas em consideração o tempo que a pessoa usa. O paciente deve ser avaliado de forma globalizada. O ideal é passar pela avaliação de um assistente social, um psicólogo e um psiquiatra", acrescentou.
Para a jovem, a vida não reservou muitas oportunidades. Dos pais, ela não tem notícias há anos. Prestes a dar a luz a mais uma menina, a jovem carrega nas costas as marcas das agressões feitas pelo pai da criança, que também é usuário de drogas e está preso. Ela ainda sofre com o preconceito por ser dependente química. Desempregada, a jovem não tem nem condições de criar a criança e pede ajuda. "Até agora, não consegui comprar nada. Preciso me libertar dessa vida para poder criar os meus filhos, que é minha maior vontade", finalizou a jovem.