Patrícia de Souza, Viúva de Ednei Brito. |
Patrícia de Souza, Viúva de Ednei
Brito
Grávida de três meses do
companheiro Ednei Brito Pereira, que matou dois policiais a tiros e acabou
morto, a trabalhadora rural Patrícia Martiniano de Souza, 22 anos, conversou com
a reportagem de A GAZETA.
Onde a
senhora estava no momento do crime?
Eu também estava na varanda.
Aí, quando vi o policial dar a voz de prisão e o Ednei sacar a arma, saí
correndo para o quintal e só ouvi os tiros. Cheguei a tropeçar e
cair.
A senhora
sabia que ele estava sendo procurado?
Não, não sabia disso. A gente
estava junto havia quatro meses. Não sabia nem que ele tinha uma arma em
casa.
Em uma festa de Natal, no ano
passado. Eu já conhecia a irmã dele, e ela nos apresentou. Começamos a namorar.
Estou grávida de três meses.
Nesse
tempo, como ele agia?
Ele tinha a mania de sair de
casa à noite e eu não sabia para onde ele ia. Estava até pensando em me separar.
A gente morava há poucos dias aqui. Mas nunca imaginei que ele estava fugindo da
polícia.
Ele
trabalhava?
Ele falava que costumava
trabalhar colhendo café, na Bahia. Mas, todo tempo que estivemos juntos, ele
sempre dizia que trabalhava. Aqui na propriedade rural, iria fichar para colher
café. A gente já morava aqui na casa porque eu já estava colhendo café
aqui.
E
agora?
Não caiu a ficha. Como vai ser
agora? Meu filho vai nascer sem um pai que acabou de matar dois policiais. A dor
é grande.
Policiais mortos eram
experientes
José Nivaldo Amaral, 46 anos,
e Leone José Pereira da Silva, 52, mortos quando cumpriam um mandado de prisão
em Sooretama, ontem, não eram policiais inexperientes.
Amaral era cabo da Polícia
Militar antes de ingressar como investigador na Polícia Civil e precisou esperar
19 anos pela homologação do concurso público no qual fora aprovado junto de
outros 311 colegas. Já Leone entrou na Polícia Civil em 1991 e atuava como chefe
de investigação do DPJ de Linhares.
Presidente do Sindicato dos
Investigadores de Polícia do Espírito Santo (Sinpol-ES), Júnior Fialho lembra de
apenas um caso de investigador capixaba assassinado em serviço, em situação
semelhante.
Seu nome era Roberval dos
Santos Loureiro Muniz. Ele tinha 43 anos quando foi morto no Bairro Campo Verde,
em Cariacica, em 1997. Roberval e um colega realizavam levantamentos sobre duas
pessoas acusadas de assalto quando um dos suspeitos o matou com um tiro no
peito.
Fialho faz questão de
descrever o sentimento da categoria com a perda dos dois colegas. “Imagine como
estão os filhos deles. Agora, nosso foco de atenção é a família dos dois
policiais”.