O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro, disse
hoje (18) que a instituição retirou do currículo da formação de policiais, há
cinco anos, a disciplina que os ensinava a lidar com o controle de distúrbios
civis. Segundo o comandante, apesar disso, o Batalhão de Choque, unidade
especializada neste tipo de ocorrência, continua a ser treinada.
O comandante e o secretário de Segurança Pública, José
Mariano Beltrame, afirmaram hoje que a polícia ainda não sabe muito bem como
lidar com as manifestações que estão ocorrendo no Rio de Janeiro, que começam
pacíficas e, depois, transformaram-se em atos de vandalismo, violência e roubo.
“Trata-se de uma turba, de ações difíceis, complexas, que por
vezes colocam a polícia entre a prevaricação e abuso de autoridade. A solução é
intermediária. O problema é que se busca essa solução em meio a um cenário de
caos. [Há] que ter discernimento em cada detenção. Estamos aprendendo nesse
processo.
São 30 dias de manifestações com coisas como coquetéis
molotov, pessoas mascaradas, estilingues incendiários e pedras portuguesas
arremessadas contra policiais. Não há planejamento rígido. Não existe protocolo
no mundo para atuar com turba”, disse o secretário Beltrame.
Durante entrevista à imprensa, hoje, o comandante da Polícia
Militar disse que a instituição vai voltar a usar armas não letais como balas
de borracha e gás lacrimogêneo. Segundo ele, um acordo feito com a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e instituições como a Anistia Internacional, para que
a polícia evitasse usar essas armas, não deu certo.
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, disse que o
problema não é esse, mas sim que há a ausência da polícia para evitar os atos
violentos, como saques e depredações.