Os policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico
(Denarc) presos em uma operação na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, têm
ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo o Ministério Público.
Sete policiais foram presos em ação realizada em conjunto com a Corregedoria da
Polícia Civil. Outros seis são procurados pela polícia. O MP afirma que o grupo
acusado de crimes como extorsão, corrupção e tortura é ainda maior.
“O Ministério Público tem convicção de que há vários outros
policiais envolvidos", afirmou o promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo
de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas, em
coletiva de imprensa realizada nesta tarde. Outra parte da operação busca os
traficantes do PCC que atuam em Campinas e na capital, para os quais os policiais
agiam. Um deles já foi preso na região de Ribeirão Preto. Ele seria sócio de
Andinho, líder do tráfico em Campinas e que está preso.
A operação começou em outubro do ano passado com foco numa
quadrilha de traficantes. Por meio de interceptações telefônicas, descobriu-se
a ligação dessa célula do PCC com policiais do Denarc.
Parceria Segundo o promotor, os policiais mantinham
"contato nefasto" com bandidos e vazavam informações sobre operações
da polícia contra o tráfico. Eles atrapalhavam as investigações forjando provas
e constrangendo testemunhas e vítimas, explicou Silveira Filho.
A investigação aponta que policiais extorquiam de 200 000 a
300 000 reais ao ano de traficantes. Dos treze envolvidos, seis ainda estão
sendo procurados. Dos presos, há dois delegados e três investigadores ou
escrivães do Denarc da capital, além de dois investigadores de Campinas.
O diretor técnico do Serviço de Investigação do Denarc,
Clemente Castilhone, está entre os presos por suspeita de vazamento de
informação – o que ainda não foi confirmado, segundo a Corregedoria.
Ao todo, a Justiça expediu treze mandados de prisão contra
policiais do Denarc e três mandados de busca e apreensão. O diretor-geral da
Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, informou que o Denarc (montado há 25 anos
e com 400 policiais) passará por uma reestruturação depois da operação.