No caminho do Papa Francisco, há uma sombra. Na verdade,
quatro, que vão se revezar 24 horas na semana em que ele estará no Brasil. São
policiais federais, altamente treinados, e que vão manter os olhos em cada
movimento, gesto e aproximação do Bispo de Roma com o público.
Ser o espelho vivo do maior líder católico do mundo, no
entanto, não reflete a calmaria que se induz a imaginar. Francisco é o Santo
Padre que pega sacolas no chão da fiel que se estica para abraçá-lo, e que pede
para descer do carro para beijar a multidão que o cerca. Para garantir que
atitudes assim não fujam do controle, até helicópteros vão acompanhar a agenda.
Com status de Chefe de Estado, o Pontífice garantirá não só
sua segurança pessoal feita pela Polícia Federal, com a do seu próprio staff: a
Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano e da Guarda Suíça, que viaja na
comitiva papal. O esquema será tão rígido como o do presidente dos EUA, Barack
Obama, em visita ao Rio, em 2011. Por aqui, a regra básica tem que ser seguida
à risca: nada de tietagem nem de invasão de privacidade. Pedidos de fotos são
proibidos e podem render um processo disciplinar na Corregedoria da Federal.
Tanto rigor é para preservar a intimidade a Papa. Nos jardins
da mansão do Sumaré, onde Sua Santidade vai ficar hospedada, estarão 50 agentes
federais. No total, 200 deles devem passar pela segurança no local durante a
Jornada Mundial da Juventude. Mas nenhum terá acesso às dependências da casa e,
muito menos, ao quarto do Santo Padre.
“A gente sabe que há muitas chances de o Papa quebrar
protocólo. Mas o nosso trabalho é resultado da integração com as Forças
Armadas, as polícias Civil, Militar e com a Guarda Municipal, além de outros
setores, como a Cet-Rio. Estamos alinhados, trocando informações e atuando
sempre em conjunto”, garantiu o delegado federal Anderson Bichara, da
Coordenadoria Regional de Grandes Eventos da PF-RJ.
Do dia 22, quando o Pontífice chega, até o dia 28, na sua
partida, cada pedaço de chão por onde Francisco for passar será rastreado
antes. O espaço que vai demandar mais tempo de vistoria é o Campus Fidei, em
Guaratiba, onde vai ocorrer a vigília e missa de encerramento. Serão quatro
horas para percorrer todo o terreno em busca de explosivos. A tarefa será feita
numa parceria com o Exército e a Polícia Civil.
Para que a maior quantidade possível de pessoas vejam o Santo
Padre, em Guaratiba, o papamóvel deve passar em ziguezague no Campus. Aliás, a
missão de conduzir o carro blindado ainda não tem dono. Mas a PF já tem 10
agentes treinados no Vaticano para caso precise assumir a nobre função.
Se no chão a quebra de protocolo é um adendo à adrenalina da
escolta, no céu a visão privilegiada é um trunfo para os policiais federais.
Dois Caçadores helicópteros da instituição com atiradores de elite estarão
seguindo os passos de Francisco por onde ele passar.
A vigilância tem um apoio importante: o Centro Integrado de
Comando e Controle, o quartel-general das forças de segurança. Será de lá que
virão informações como desvio de rota, em caso de manifestações. Toda
comunicação entres os agentes na rua será feita por radio criptografado. Treze
antenas foram instaladas pelos locais por onde o Papa vai passar.
A cada dez metros do Papa haverá um agente de segurança, que
poderá ser do Exército, das polícias Civil, Militar e Federal ou da Guarda
Municipal. Isso significa que se ele percorresse em linha reta ininterrupta os
19.480 quilômetros previstos no Papamóvel cálculo feito sem considerar o
Rio centro, onde ele visitará voluntários da JMJ, seria como se 2 mil homens
ficassem numa fila para escoltá-lo.
Por mar, mais trabalho. Em parceria com a Marinha, a PF vai
fiscalizar a Baía de Guanabara durante todo o evento. Só de agentes federais,
serão 72. Eles estarão em lanchas, jet ski e botes.