domingo, 21 de julho de 2013

Para Júnior, a saída da ONG do Complexo do Alemão mostra quem dá as cartas na favela são os traficantes

Sede do AfroReggae permaneceu fechada neste sábado

O coordenador do AfroReggae, José Júnior, falou sobre a saída da ONG do Complexo do Alemão, ocorrida neste sábado.
Segundo ele, na quinta-feira passada um líder comunitário do Alemão o procurou e disse ter recebido a visita de traficante, às 4h30m daquele dia. O bandido teria dito que, se o AfroReggae não saísse da favela, o tráfico jogaria uma bomba dentro da sede da ONG, localizada na Rua Joaquim de Queiroz.
Por isso, decidi parar com todas as atividades do AfroReggae no Alemão. Seria uma irresponsabilidade manter as atividades com 350 crianças diante das ameaças. Mesmo que a polícia tentasse dar um reforço, parasse um caveirão na porta, o AfroReggae não foi feito para isso. Foi criado para mediar conflitos, e isso iria contra a nossa filosofia.
José Júnior afirmou que todas as atividades do AfroReggae, inclusive uma pousada, alvo de um incêndio na noite da última segunda-feira. A polícia já indiciou um suspeito de ter ateado fogo no prédio, onde também funcionava a redação do jornal “Voz da Comunidade”.

José Junior: “Seria uma irresponsabilidade manter as atividades no Alemão diante das ameaças”
Ainda não sei se voltaremos para lá disse o coordenador da ONG.


Em fevereiro de 2012, José Júnior deu uma entrevista exclusiva ao EXTRA acusando o pastor Marcos Pereira, fundador da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, de envolvimento com o tráfico de drogas. “Talvez seja a maior mente criminosa do Rio de Janeiro”, disse à época o coordenador do AfroReggae. Em função das denúncias, foi aberta uma investigação na polícia. Atualmente, o pastor Marcos está preso sob a acusação de estuprar fiéis.
Desde fevereiro, eu e o (pastor) Rogério Menezes estamos recebendo ameaças de morte de vários traficantes, e isso é diretamente relacionado à entrevista que dei para o EXTRA.
Para Júnior, a saída da ONG do Complexo do Alemão mostra quem dá as cartas na favela.