O coordenador do AfroReggae, José Júnior, falou sobre a saída da ONG do Complexo do Alemão, ocorrida neste sábado.
Segundo ele, na quinta-feira passada um líder comunitário do
Alemão o procurou e disse ter recebido a visita de traficante, às 4h30m daquele
dia. O bandido teria dito que, se o AfroReggae não saísse da favela, o tráfico
jogaria uma bomba dentro da sede da ONG, localizada na Rua Joaquim de Queiroz.
Por isso, decidi parar com todas as atividades do AfroReggae
no Alemão. Seria uma irresponsabilidade manter as atividades com 350 crianças
diante das ameaças. Mesmo que a polícia tentasse dar um reforço, parasse um
caveirão na porta, o AfroReggae não foi feito para isso. Foi criado para mediar
conflitos, e isso iria contra a nossa filosofia.
José Júnior afirmou que todas as atividades do AfroReggae,
inclusive uma pousada, alvo de um incêndio na noite da última segunda-feira. A
polícia já indiciou um suspeito de ter ateado fogo no prédio, onde também
funcionava a redação do jornal “Voz da Comunidade”.
Ainda não sei se voltaremos para lá disse o coordenador da
ONG.
Em fevereiro de 2012, José Júnior deu uma entrevista
exclusiva ao EXTRA acusando o pastor Marcos Pereira, fundador da Assembleia de
Deus dos Últimos Dias, de envolvimento com o tráfico de drogas. “Talvez seja a
maior mente criminosa do Rio de Janeiro”, disse à época o coordenador do
AfroReggae. Em função das denúncias, foi aberta uma investigação na polícia.
Atualmente, o pastor Marcos está preso sob a acusação de estuprar fiéis.
Desde fevereiro, eu e o (pastor) Rogério Menezes estamos
recebendo ameaças de morte de vários traficantes, e isso é diretamente
relacionado à entrevista que dei para o EXTRA.
Para Júnior, a saída da ONG do Complexo do Alemão mostra quem
dá as cartas na favela.