Gilberto Belmiro foi agraciado com um emprego de motorista na
secretaria municipal de Saúde de Ilhéus. Mas de uma hora pra outra tornou-se
dono de uma empresa de ônibus na cidade. "Um ex-vereador que conseguiu o
emprego pra mim, me procurou e disse que precisava de uma pessoa de confiança
para virar dono de uma empresa dele", assumiu hoje, em depoimento na
Polícia Federal. Para tornar-se empresário, Belmiro recebia meio salário mínimo
todo mês, mas queixa-se que há dois anos não recebia um centavo sequer.
"Deixaram de me pagar", lamenta. Chateado, disse que soube hoje,
através do delegado da PF, que "sua" empresa está atolada em dívidas.
O "laranja" assumido alega que conhecia o político
"de vista" e que nunca teve muita aproximação a ele. "Ele me
pediu, me levava ao fórum, eu assinava um monte de coisa e pronto",
revelou ao Jornal Bahia Online. "Nunca achei nada estranho. Você arruma um
emprego, mostra que é honesto e é convidado depois para ajudar. Normal
isso", declarou.
Segundo o delegado-chefe da PF, Mário Lima, os erros
cometidos pelos acusados são grosseiros. Há empresas concorrentes que possuem
coincidência de sócios. "Há um caso em que uma empresa participou de
licitações e tinha procuração de concorrentes", afirma. O delegado disse
ainda que há provas, inclusive com declarações junto ao Tribunal Regional
Eleitoral que, na eleição de 2008, meses antes delas garanhem licitações, estas
empresas contribuiram para a campanha de um ex-prefeito e um ex-vereador, hoje
secretário municipal.
Os documentos apreendidos hoje, segundo o delegado, servirão
para fortelecer o conjunto de provas já existentes. Foram efetuados sete
mandados de busca e apreensão e diversos servidores públicos já foram ouvidos.
O ex-presidente da Câmara de Ilhéus, também já prestou depoimento. O
ex-prefeito pediu para depor nesta sexta(19)