sábado, 13 de julho de 2013

Jovem de Campo Grande faz sucesso entre as mulheres como manicuro, que pinta, lixa e desenha pé e mão

O manicuro Jesse Candida das Chagas mora em Campo Grande

Uma é pouco. Duas, três, quatro e até dez também. É por isso que o jovem Jessé Candida das Chagas, de 24 anos, firmou compromisso com mais de 20 mulheres ao mesmo tempo, o que, para ele, é bom, mas não é demais. O morador de Campo Grande ainda aceita pedidos de quem mais quiser lhe conceder a mão, direita e esquerda, para ver estrelas, flores e infinitos tipos de desenhos pintados nas unhas. Mas, é claro, o trabalho de manicuro que faz também inclui os pés.
Um sucesso na Rua Diorama, no sub-bairro São João, onde mora e atende algumas clientes com hora marcada. Outras abrem as portas da própria casa a Jessé, para que ele sente na sala, na varanda ou na cozinha e segure firme as suas mãos. Para remover o esmalte antigo com acetona, retirar cutículas, lixar as unhas e pintá-las, de preferência, estampando desenhos, que até cria. É serviço completo!
Por ser homem, há a vantagem da curiosidade das mulheres. Quando sabem que sou manicuro, elas querem fazer a unha comigo para ver como é o meu trabalho. Acabam virando minhas clientes tira onda Jessé (e não bifes).

Jesse faz unhas na casa dele e também nas das clientes

Mas a rotina é pesada: de segunda a sábado, no horário em que moçoilas e senhoras puderem retocar a vaidade das mãos para ir à festa, à boate ou para ficar em casa mesmo.
Tem dias que faço até oito unhas. Aos sábados, principalmente, quando há o maior movimento. Na véspera de Natal, dia 24, só acabei meia-noite diz.

Jesse pinta as unhas de uma cliente na casa dela, em Campo Grande: concentração


Os meninos na escola estavam se lixando para as unhas. Já as meninas, logo perceberam que Jessé também se lixava, mas em casa, onde polia as próprias unhas e passava base.
Elas me perguntavam: você faz as unhas? Só as minhas, por enquanto  respondia Jessé.
Mas logo ele começou a fazer as da mãe, a doméstica Maria Candida das Chagas, de 64 anos. Foi no dia em que a manicure dela, dona Denair, que ele tanto observava trabalhando, simplesmente faltou.
Sou muito curioso e observava como a manicure agia. Mas comecei a fazer as minhas unhas porque também sou vaidoso.
A mãe incentiva:
Se Deus deu esse dom a ele, eu é que não posso tirar. Nem estranhei, Jessé sempre foi curioso diz.

O manicuro e a mãe, Maria, que também virou sua ‘cliente’


Dona Maria tanto ficou com um pé atrás diante do pedido de Jessé (de fazer a sua unha), que lançou um desafio: “Se conseguir fazer direito, compro tudo para você”. Dito e feito! Lá foi ela na perfumaria Monamie, em Campo Grande, encher a sacola de acetona, alicates e muitas cores variadas de esmalte.
Era eu sair na rua para a vizinhança perguntar quem fez a minha unha. Até dona Denair, minha ex-manicure, passou a fazer as dela com Jessé, quando os problemas na coluna a impediram de continuar exercendo a profissão conta a doméstica Maria, orgulhosa pelo filho atender até o patrão e a patroa dela.
E também por ele escolher a própria profissão, deixando de lado a ideia de ser soldador elétrico, seguindo o caminho profissional do pai, já falecido.
No curso, em um centro social, enquanto Jessé acabava uma mão, as meninas ainda estavam num dedo. Ele faz unha em meia hora derrete-se em elogios a mãe.
E não só ela. A dona de casa Bárbara Simões, de 61 anos, viu Jessé nascer e crescer como profissional.

Dona Bárbara aprova o trabalho de Jesse: ‘cutícula bem tirada, unha bem pintada’, ela diz

A cutícula dele é bem tirada, a unha é bem pintada. Mas, quando digo que faço unha com um homem, me perguntam logo: ele tira muito bife? conta a vizinha do lado, cliente quinzenal do manicuro Jessé, uma raridade.