Por décadas, a bandidagem mandou e desmandou no emaranhado de
favelas cariocas conhecido como Complexo do Alemão. A entrada e a instalação de
uma UPP em território tão estratégico para o crime, dois anos atrás, sugeriam
que o bando que se esvaiu do morro havia enfim recuado. Na semana passada,
porém, ficou evidente que os marginais continuam a fazer valer sua vontade, e
da pior forma possível. A vítima da vez foi o AfroReggae, que se consolidou no
cenário das ONGs como referência na intermediação de conflitos envolvendo
traficantes em áreas da cidade que são verdadeiros barris de pólvora. No
Alemão, a ONG mantinha uma de suas bases e ainda administrava uma pousada no
passado mesmo, já que o AfroReggae acaba de ser banido do complexo pelos velhos
donos do pedaço. Primeiro, eles atearam fogo à tal pousada; depois, como é
praxe, veio o recado: a ONG deveria deixar imediatamente os domínios do
tráfico. A desobediência, ameaçavam os bandidos, seria punida com a explosão da
sede e uma chacina. Na última sexta-feira, o AfroReggae decidiu ir embora.