sexta-feira, 21 de junho de 2013

Protesto de Campinas reúne 35 mil, inicia em paz, mas acaba em conflito

São Paulo - Vândalos se aproveitam da movimentação durante protestos contra o aumento das tarifas do transporte público, para saquear e atear fogo na porta de uma loja no centro de São Paulo

Terminou com pelo menos 15 feridos o protesto que reuniu, segundo a Polícia Militar, 35 mil pessoas no Centro de  Campinas nesta quinta-feira (20). De acordo com o Samu, todos os socorridos eram guardas municipais. Outros 15 manifestantes deram entrada na Unidade de Pronto-atendimento (UPA) do Centro por conta da confusão com gás e bomba. Houve depredação na Prefeitura e a Tropa de Choque da PM entrou em confronto com uma minoria que atirava pedra na sede do Executivo enquanto o restante do público pedia em coro por "paz".
Os enfrentamentos começaram na escadaria do Paço Municipal, pouco tempo depois dos manifestantes andarem por ruas do Centro até chegarem à Prefeitura. Guardas municipais foram atacados com pedras e oito deles ainda estão em hospitais, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Policiais enfentam grupo de manifestantes durante os protestos em Campinas (Foto: Gustavo Magnusson / G1)

A Tropa de Choque da Polícia Militar interviu quando uma minoria atirava pedras nos vidros do prédio da Prefeitura, que foram destruídos. O confronto iniciou na Rua Barreto Leme e seguiu até a Avenida Anchieta, onde um grupo se ajoelhou em frente aos oficiais.

Manifestação em Campinas (Foto: Gustavo Magnusson / G1)
Emboscada
Os policiais chegaram a recuar, mas o confronto recomeçou. Bombas foram lançadas em grupos que revidavam com pedradas no entorno da Prefeitura. Em outro local do Centro, em frente à Catedral, estudantes relataram ter sofrido uma emboscada da PM, no momento em que protestavam pacificamente. "Fomos atacados como se fossemos terroristas", disse o unviersitário Natan Nascimento.

Sobre os eventuais abusos da PM, o major Euclides informou que qualquer pessoa que tenha se sentido lesada pela corporação deve procurar a polícia, que se compromete a apurar as acusações. "Da parte da Polícia Militar, ela agiu conforme a lei. Da parte dos manifestantes, eles não se comportaram bem. Haja vista os resultados", disse.
Segundo informações da UPA do Centro, a maioria das pessoas atendidas na unidade passaram mal por conta do spray de pimenta e das bombas de gás lacrimogênio. Todos já haviam sido liberados no início da madrugada de sexta-feira (21).
Saques e vandalismo
De acordo com a Polícia Militar, pelo menos sete pessoas foram detidas suspeitas de praticar saques em comércios. Um mercado na Avenida Doutor Quirino foi invadido, depredado e teve produtos levados por grupos infiltrados entre os manifestantes.
O comerciante Paulo Roberto Mendes, dono de uma banca de bebidas, conta que o estabelecimento foi invadido e levaram produtos, além de equipamentos e um computador. "Eu tive um prejuízo de pelo menos R$ 10 mil e não sei a quem recorrer", falou.
Vândalos também depredaram placas, colocaram fogo em lixo, quebraram pontos de ônibus e agências bancárias e arremessaram pedras contra os vidros da Prefeitura, que foram destruídos. Nos confrontos, pedras foram arremessadas contra a Polícia Militar, que revidava com bombas para tentar dispersar os grupos.
Manifestação em Campinas (Foto: Gustavo Magnusson / G1)
"Uma guerra", diz secretário
O secretário municipal de Segurança Pública, Luiz Augusto Baggio, descreveu os incidentes entre os guardas e os manifestantes como "uma guerra feia". Os GMs ficaram responsáveis pela segurança de prédios públicos, mas conforme o confronto aumentou na Prefeitura, diante dos ferimentos dos guardas, a Tropa de Choque foi acionada, após autorização do próprio prefeito, segundo Baggio.
"Meus homens tomaram uma chuva de pedras. Foi um custo sério de equipamentos, de pessoal, além dos danos na Prefeitura. É um absurdo. Não foi uma manifestação pacífica porque, embora ela tenha esse caráter, ela está sendo usada por grupos de baderneiros", disse.
Baggio informou que foram feitas imagens e alguns dos manifestantes que atacaram os guardas já foram identificados. De acordo com ele, o material será entregue à Polícia Civil que deve investigar e localizar os suspeitos.