Segundo Lindomar Lembranci, um dos coordenadores do movimento, o
Brasil vive um momento de insegurança jurídica por causa das
demarcações e ampliações de terras indígenas, além das áreas ambientais,
quilombolas e extrativistas. “No passado, eram as ações do MST o foco
de tensão no campo. Agora, a origem das arbitrariedades é a Funai que
na ânsia de ampliar ao máximo as reservas indígenas promove a violência
por intermédio de invasões de propriedades rurais fomentadas por ONG’s e
outros órgãos que patrocinam (financeiramente) a elaboração de laudos
fraudulentos, com interesses escusos, numa flagrante violação do direito
de propriedade”, disse.
“Apesar
de termos em nosso país, segundo o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE),
125 milhões de hectares, ou seja, 14,69% do território brasileiro
constituído por terras indígenas, a Funai ainda pretende ampliar tais
áreas para 204 milhões de hectares, quase 25% do território nacional
destinados a proteger 800 mil índios. A sociedade precisa saber que
essas ações perturbadoras, que mostram um cenário de terror, avançam
sobre áreas produtivas de alimentos, antropizadas e consolidadas, muitas
vezes com títulos de propriedade emitido pelo próprio Poder Público”,
completa.
O movimento que interditou a rodovia BR-101 nesta sexta-feira (14), exige a suspensão imediata de todos os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e anulação das demarcações oriundas de laudos da FUNAI, até que as novas regras sejam postas em vigor pelo Governo Federal. Os produtores também querem a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 215/2000, que pretende outorgar a competência para homologar as terras indígenas ao Congresso Nacional e alteração do Decreto nº 1.775/1996, que dispõe sobre o processo administrativo de demarcação de terras indígenas, visando retirar o poder absoluto da Funai e dar SEGURANÇA JURÍDICA para todos quando da realização dos estudos, defesa dos índios e no julgamento do processo administrativo.
A
coordenação do movimento não divulgou o número total de manifestantes,
mas foram registradas presenças de produtores rurais dos municípios de
Itamaraju, Porto Seguro, Prado, Ilhéus, Olivença e Buerarema. A
interdição foi uma decisão tomada nacionalmente, todas organizadas por
produtores rurais que não aceitam os processos de demarcação de terras
coordenados pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).