O chefe da
Polícia Civil em Minas Gerais, Cylton Brandão, afirmou, neste domingo (23), que
cerca de 30 pessoas que praticaram atos de vandalismo em Belo Horizonte já
foram identificadas, além dos 32 presos neste sábado (22). "Já estamos
detectando a presença de grupos organizados, grupos radicais, alguns até de
fora do nosso estado, que estão vindo e aproveitando as manifestações
pacíficas", disse Brandão. Segundo ele, a policia já tem informações sobre
o perfil dos suspeitos. "O perfil são pessoas que estão somente para
tumultuar. Outras tem passagens pela polícia por crimes como tráfico, lesão
corporal, ameaça. Eles já estão identificados, alguns deles, sabemos o modo
como estão agindo", disse.
As
declarações foram dadas durante coletiva nesta tarde, em Belo Horizonte, com a
participação também do comandante-geral da Polícia Militar em Minas Gerais,
Márcio Sant'Ana. Segundo o comandante, a semifinal de quarta-feira (26) será um
"grande desafio" para as forças de segurança, pois há a previsão de
novos protestos. "As táticas e estratégias bem sucedidas serão
ratificadas", afirmou.
Neste sábado
(22), cerca de 70 mil pessoas participaram do protesto em Belo Horizonte, de
acordo com a Polícia Militar. Houve confronto e os policiais usaram, além das
bombas, balas de borracha, a Cavalaria e a Tropa de Choque para conter a
desordem. Enquanto isso, os vândalos, que não representam a maioria do
protesto, ateavam fogo em objetos, e revidavam com mais pedras.
Vandalismo
Radares de
velocidade quebrados, lojas e agências bancárias destruídas, pichações. Este é
o cenário de ruas no Centro de Belo Horizonte e da Avenida Antônio Carlos,
importante corredor da cidade, neste domingo (23), dia seguinte ao protesto que
reuniu cerca de 70 mil pessoas. A polícia informou, em nota, que trabalha para identificar
os que se infiltraram na manifestação, provocando vandalismo.
Os danos ao
patrimônio público e a estabelecimentos privados podem ser vistos em quase toda
a extensão da avenida, que liga o Centro à Região Norte. Nesta manhã,
funcionários contabilizavam os prejuízos causados. Carros foram danificados com
pedras e tijolos jogados por vândalos.
A
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não foi poupada e teve parte da
cerca derrubada. Uma máquina usada nas obras do sistema do Transporte Rápido
por Ônibus (BRT, da sigla em inglês) foi incendiada.
Em balanço
preliminar divulgado, neste domingo (23),
pela Polícia Militar (PM) registra que 32 pessoas foram presas em Belo
Horizonte em ocorrências relacionadas ao protesto deste sábado (22). Os dados
consideram detenções feitas das 15h de ontem até as 5h deste domingo (23). A
maioria está relacionada a danos ao patrimônio público na área central da
capital mineira, conforme informou a polícia.
A
manifestação em Belo Horizonte, apesar de pacífica em grande parte do sábado,
foi marcada pelo confronto entre policiais e manifestantes exaltados. Segundo a
PM, o número de feridos chega a 18, incluindo dez policiais. Mas hospitais
confirmaram a entrada de 27 feridos relacionados ao protesto. De acordo com as
unidades de saúde, ao menos sete pessoas seguem internadas.
No fim da
noite de sábado (22), a Polícia Militar disse, em nota, que estava "sendo
obrigada a utilizar da força para reprimir a atuação de aproximadamente 500
marginais que praticavam atos de vandalismo" no Centro de Belo Horizonte,
como a depredação de equipamentos públicos e estabelecimentos comerciais.
A corporação
também informou que não mediria esforços para reprimir esses atos criminosos e
prender os responsáveis. Por fim, destacou que tem a orientação do governo de
assegurar que as manifestações populares transcorram de forma ordeira e
pacífica.
Confronto em
Belo Horizonte
O cruzamento
das avenidas Antônio Carlos e Abraão Caram, na região da Pampulha, próximo ao
Mineirão, virou uma cena de guerra, com bombas de efeito moral e gás
lacrimogêneo lançadas pelos policiais, após uma chuva de pedras jogadas por
alguns manifestantes na barreira formada pelos militares. Os PMs usaram, além
das bombas, balas de borracha, a Cavalaria e a Tropa de Choque para conter a
desordem. Enquanto isso, os vândalos, que não representam a maioria do
protesto, ateavam fogo em objetos, e revidavam com mais pedras. Eles resistiram
por mais de duas horas no local, até que a confusão se dissipasse.
O protesto
começou na Praça Sete, por volta das 10h, quando já era possível ver a
movimentação. Muitas bandeiras do Brasil eram vistas. A alegria estava em
gritos de guerra bem humorados, mas não sem deixar claro os alvos do protesto.
Além de
protestar contra os recursos destinados para a realização da competição, eles
reclamam dos R$ 0,05 de redução nas passagens de ônibus anunciados pelo
prefeito Marcio Lacerda. Outras pautas estão na manifestação, entre elas o fim
da chamada PEC 37, emenda que muda a Constituição e determina que somente as
polícias sejam responsáveis por investigações; o Estatuto do Nascituro. Os
manifestantes também são contra a proposta de lei aprovada pela Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados conhecida como "cura gay",
contra a precariedade da saúde pública, contra a falta de qualidade na educação
e os baixos salários dos professores, contra a violência policial e contra a
fome e a miséria.
Uma multidão
invadiu as avenidas Afonso Pena e Antônio Carlos, passando pela Praça da
Estação. Um mar de gente seguiu até o Hospital Belo Horizonte, onde cantaram
“Carinhoso”, para os internados. Depois, cantaram uma versão da música com
letra de protesto. O barulho diminuiu em uma atitude de respeito.
As 70 mil
pessoas foram até a Pampulha, quando a situação ficou mais tensa. Uma
reportagem do MGTV 2ª edição mostra a barreira de policiais militares na
Avenida Abrão Caram, próximo à rotatória do Ginásio Mineirinho. Neste momento,
várias pedras são atiradas, e os policiais resistem. Minutos depois, bombas de
efeito moral e de gás lacrimogêneo são lançadas, para dispersar os
manifestantes. Os mais exaltados voltam para o ponto de início do confronto, e
mais bombas foram lançadas. Concessionárias foram depredadas, uma delas
totalmente destruída.
No campus da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a segurança foi feita pelo
Exército Brasileiro, já que é considerado território federal. Várias pedras
foram lançadas para dentro da grade. Mas nenhuma confusão importante foi
registrada dentro da universidade.
Um batalhão
do Corpo de Bombeiros, na Avenida Antônio Carlos, sofreu uma tentativa de
invasão. Alguns manifestantes contiveram um grupo mais exaltado até a chegada da Tropa de Choque, quando a situação foi resolvida.
A Cavalaria
precisou entrar em ação, e o confronto demorou a ser controlado. Vândalos
seguiram de volta para a Praça Sete, onde atos de violência e baderna foram
registrados. Várias lojas foram depredadas. A Polícia Militar, com a Tropa de Choque,
ocupou as ruas do centro para impedir novos atos de vandalismo.
Entre os
manifestantes, um senhor foi atingido na cabeça, e saiu protegido por
policiais. Treze pessoas estão internadas em hospitais de Belo Horizonte. No
Risoleta Neves, três dos feridos estão em estado mais grave, após caírem de um
viaduto. Um deles corre risco de ter alguma sequela motora. Outra jovem levou
uma bala de borracha e está com fratura na face.