A Polícia
Militar mineira afirmou neste sábado que recebeu informações de que grupos
organizados se infiltraram nas manifestações realizadas em Belo Horizonte com o
objetivo de promover a "destruição da cidade". De acordo com o
coronel Antonio Carvalho, comandante do Batalhão de Policiamento Especializado
da PM, entre os alvos dos vândalos estariam redações de jornais e de TV que
receberam proteção da PM. A Polícia faz cerco ao Centro da capital mineira para
evitar violência.
Os protestos
na capital mineira começaram de forma pacífica neste sábado, mas houve
confronto com a Polícia e registros isolados de vandalismo. No início da noite,
no bairro São Francisco, próximo à região da Pampulha, um grupo tentou atacar
um quartel do Corpo de Bombeiros: a Polícia Militar e homens da Força de
Segurança Nacional se dirigiram para o local e evitaram a ação. A Polícia
Militar (PM) estima que o número de manifestantes que foram às ruas neste
sábado pode ter ultrapassado as 60.000 pessoas.
A
manifestação teve início por volta das 13h30 na Praça Sete, no centro da
capital mineira. Em clima de festa, manifestantes promoverem roda de capoeira,
oficina de confecção de cartazes e outras atividades. Dali, eles caminharam em
direção à Pampulha, distante oito quilômetros. O governo mineiro havia
informado que não permitiria acesso de manifestantes às imediações do Estádio
Governador Magalhães Pinto, o Mineirão onde seria realizada a partida Japão x
México, pela Copa das Confederações.
Já na Pampulha,
houve uma divisão dos manifestantes. Segundo a PM, uma parcela deles tentou
furar o cordão de isolamento por volta das 16h, nas imediações da UFMG a
apenas 500 metros do Mineirão. Em seguida, começaram os disparos de rojões
contra a Tropa de Choque, também atacada com pedras e bolas de gude. Os
militares reagiram com bombas de efeito moral.
Por volta
das 18h, a tensão crescia na região do cruzamento das Avenidas Antonio Carlos e
Abraão Caran. A PM mantinha um cordão de isolamento, usando a cavalaria. Um
helicóptero dava cobertura à operação. A Força afirma que isolou a área para
reduzir os confrontos e impedir a ação de bandidos infiltrados entre os
manifestantes: mascarados, eles atearam fogo em pneus e destruíram uma
concessionário de veículos da marca Hyundai. Uma agência do Banco do Brasil e
uma loja da montadora Peugeot também foram depredadas. Por volta das 19h,
começou a dispersão em direção ao centro da cidade.
Duas cabines
da PM foram incendiadas por vândalos, que também destruíram radares instalados
na avenida Antônio Carlos. No entroncamento das Avenidas Antônio Carlos e
Américo Vespúcio, houve outro confronto com militares, por volta das 20h. Um
grupo voltou a atirar pedras e a polícia reagiu com mais bombas de gás
lacrimogêneo e balas de borracha.
O jornal O
Estado de Minas informou que quatro militares ficaram feridos no confronto.
Segundo o tenente-coronel Alberto Luíz, chefe de comunicação da PM mineira, um
deles foi hospitalizado após levar uma pedrada no olho. O militar afirmou
também que os manifestantes usaram bombas de fabricação caseira.
De acordo
com o jornal, ao menos oito manifestantes ficaram feridos. Entre as vítimas,
estão dois jovens que caíram do Viaduto José Alencar durante o tumulto ocorrido
no local.
A PM
informou ainda que cerca de 500 manifestantes também protestaram na BR-040 e
fecharam a via por cerca de 1h30, no sentido Rio de janeiro. Além da capital,
também são realizadas manifestações nos municípios mineiros de Contagem, Betim
e Santa Luzia.
O protesto
em Belo Horizonte é o maior entre os convocados para este sábado, um dia depois
de a presidente Dilma Rousseff fazer um pronunciamento na TV em que propôs um
pacto nacional para melhorar os serviços públicos. Dilma afirmou também que não
vai tolerar atos de violência entre as manifestações.