Depois dos
violentos confrontos com a polícia na quinta, dia 20, os grupos que vem
realizando manifestações de rua em Salvador desde o início da semana se
dividiram em relação à realização de atos na cidade neste sábado.
Enquanto
parte optou por não ir às ruas para evitar novos atos de violência, alguns
participantes das manifestações fizeram convocações para atos no Campo Grande,
Rótula do Abacaxi e Iguatemi.
Na sexta,
21, o governador Jaques Wagner determinou o reforço do efetivo policial na
cidade.
O Movimento
Passe Livre (MPL), que tinha decidido não realizar nenhum ato neste sábado,
dividiu-se e vai para as ruas com parte dos integrantes. A decisão tomada
através de uma votação na sexta à tarde no Passeio Público, foi de sair do
Campo Grande às 12h em direção ao Iguatemi, passando pelo Vale do Canela e
Avenida Garibaldi.
O poeta
Pareta Calderasch disse através do Facebook que não vai e desejou sorte aos companheiros
de luta. "Estarei torcendo pra que tudo dê certo, peço somente pra que
fiquem atentos", pediu. Mais cedo, ele mostrou receio de que o movimento
fosse utilizado por "agitadores" e "infiltrados".
A ativista
Carla Zambelli, que participa do movimento Nas Ruas contra a Corrupção, disse
que o grupo também não iria participar de protestos para evitar desgastes ao
movimento. "Nós sabemos que não teremos acesso à Fonte Nova e entendemos
que ir para a rua amanhã (hoje) serviria apenas para atrair os fanáticos. O que
nós queremos é atrair o povo de verdade para o nosso lado", diz Carla.
Segundo
Carla, a próxima manifestação do grupo em Salvador deve ser organizada na
próxima semana.
Acesso ao
jogo - Existem pelo menos duas manifestações marcadas com o objetivo de tentar
bloquear o acesso à Fonte Nova.
Uma delas,
marcada pelo grupo Salvador, Assim Você Me Mata, conseguiu 249 adesões até às
22 horas de sexta para um protesto marcado para sair da Rótula do Abacaxi às 11
horas, em direção ao Bonocô.
Outro
protesto que também tem como destino o Bonocô está previsto para sair do
Iguatemi às 12 horas.
A ideia de
um trajeto capaz de gerar um confronto foi criticada por diversos manifestantes
nas redes sociais, mas encontrou eco nos comentários de outros.
"Esse
comportamento de ir na direção de um provável confronto é irresponsável, na
medida que o movimento não precisa de confronto com a polícia para ganhar
visibilidade nacional e internacional", defendeu um.
Confusão -
Muita gente reclamou também de informações desencontradas a respeito das
manifestações.
Por volta
das 15 horas chegou a circular um comunicado dizendo que não aconteceria
nenhuma reunião na sexta. Poucas horas depois, a reunião no Passeio Público foi
confirmada, bem como a decisão de parte do MPL de fazer o protesto.
Uma parte
dos manifestantes defendeu a decisão de que fazer ou não o protesto neste
sábado, ficasse guardada pelo maior tempo possível para tentar dificultar uma
eventual repressão policial. "As coisas vão acontecer de última hora para
evitar a repressão", diz um dos participantes.