terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestação pelas capitais brasileiras foi a maior desde o Fora Collor, em 1992

Manifestação pelas capitais brasileiras foi a maior desde o Fora Collor, em 1992 Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Uma onda de protestos tomou conta das principais capitais do país nesta segunda-feira e colocou em xeque variadas formas de poder – do Legislativo ao Executivo, da Polícia ao Judiciário. Foi a maior manifestação coletiva desde o Fora Collor, que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor.Manifestante depreda entrada de concessionária no bairro Azenha:imagem 22
O país não via passeatas simultâneas em tantas cidades desde que os caras-pintadas saíram às ruas  para impulsionar a deposição de Collor, em 1992. Apesar de ter começado com caminhadas pacíficas, muitos dos eventos terminaram em pancadaria e vandalismo, inclusive em Porto Alegre – berço da primeira onda de descontentamento, contra aumentos nas tarifas de ônibus.Com bombas de efeito moral, polícia tenta conter manifestantes durante confronto:imagem 24
Na Capital, o que começou como um dos maiores protestos pacíficos da história do Estado acabou dando origem, pela ação de grupos radicais, a um dos confrontos mais violentos das últimas décadas, com batalha entre parte dos manifestantes e PMs, explosões de bombas caseiras e de efeito moral, incêndio de mais de 50 contêineres  de lixo e de um ônibus, depredações generalizadas e prisões.Durante o protesto, uma concessionária foi depredada:imagem 26
Militantes veteranos e jovens que debutavam nas caminhadas se uniram para gritar contra o preço das passagem de ônibus, contra gastos abusivos com a Copa do Mundo que se avizinha, contra a corrupção, contra o fundamentalismo religioso, contra a proibição do aborto, contra a discriminação aos gays, contra a violência policial... Contra. Foram horas de passeatas que paralisaram a área central de cidades como São Paulo, Rio, Brasília , Goiânia, Salvador, Belo Horizonte, Natal, Belém, Florianópolis.Polícia tenta conter manifestantes:imagem 20
Sem esquecer, claro, a capital gaúcha. Bandeiras não faltaram. Do Brasil, de partidos, da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do arco-íris, símbolo da diversidade sexual. Preocupados em não partidarizar o movimento, alguns organizadores gritavam “Sem partido, sem partido”, informa o jornalista Rodrigo Lopes, que cobriu os protestos para Zero Hora, em São Paulo. Um apelo infrutífero. Proliferavam estandartes do Psol e PSTU.
O maior ato aconteceu na capital paulista. Organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), a caminhada começou por volta das 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros. Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu mais de 60 mil pessoas – a maior passeata desde o início da onda de protestos pela redução da tarifa de ônibus, no dia 6.Prejuízos em concessionária na Avenida Azenha:imagem 12
Foi tão organizada que os manifestantes partilharam instruções de segurança no caso de prisões por parte da PM ou da Polícia Civil. O informe relacionava telefones para pedir ajuda no caso de detenção, recomendava não assinar nada sem a presença de um advogado, filmar o ato, gravar o nome dos policiais, ficar em silêncio na falta de um advogado e não discutir com os PMs.Ônibus é incendiado na Avenida João Pessoa:imagem 9
Tropa de choque e auxílio jurídico
O movimento paulista disponibilizava ainda celulares de advogados voluntários. A noite avançou e, talvez pelo diálogo mantido entre ativistas e governo, não se registraram confrontos em São Paulo.
Já Brasília viveu horas de convulsão. Após se concentrarem numa praça, manifestantes invadiram o pátio do Congresso Nacional, burlando o cordão de isolamento feito pela Polícia Militar (PM).
Com cartazes, faixas e bandeiras do país, eles subiram no teto da Câmara Federal e movimentaram a Esplanada dos Ministérios. Belo Horizonte também teve seu dia de confusão. Eram 17h quando irrompeu um confronto entre a tropa de choque da PM e os ativistas mineiros que trancavam vias em oposição aos gastos com as obras para a Copa das Confederações.Momento em que manifestantes depredam concessionária na Avenida Azenha:imagem 10
Os manifestantes, que se agrupavam na Avenida Antônio Carlos, perto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revidaram o disparo de bombas de gás dos soldados com pedras e colocando fogo em alguns objetos na avenida.
No Rio, o ato tomou quase toda a Avenida Rio Branco, no trecho da Candelária à Cinelândia. Um grupo de 60 advogados se pôs à disposição para agir em caso de prisões arbitrárias. Vinte estudantes de medicina vestindo jalecos se prontificaram a dar atendimento a eventuais feridos. Integrantes da passeata e PMs se engalfinharam na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que foi alvo de pichações e invadida.Ônibus é incendiado na Avenida João Pessoa:imagem 8
No Nordeste, Salvador registrou uma das maiores manifestações políticas da sua história, embora nada que se compare ao volume de gente que costuma desfilar no Carnaval. O protesto era contra o aumento das tarifas do transporte público...em São Paulo. E reuniu cerca de 5 mil pessoas no centro financeiro da capital baiana, de acordo com a Polícia Militar (PM). O grupo seguiu pela Avenida Tancredo Neves, que reúne a maior concentração de escritórios da Bahia, e seguiu para a Estação de Transbordo, onde planejavam embarcar gratuitamente em ônibus.Motorista de ônibus apóia manifestante durante protesto :imagem 1
E Porto Alegre? Pioneira na onda de descontentamento que varre o país, a capital gaúcha também viveu uma noite de violência. A manifestação, que começou na prefeitura, foco principal dos protestos desde março, avançou bloqueando as avenidas centrais e terminou com quebra-quebra de empresas na Avenida Ipiranga, uma das principais da cidade. Foram contidos e dispersados pela Brigada Militar com uso de gás e bombas de efeito moral. Um cenário que se repetiu em outras capitais.