domingo, 16 de junho de 2013

Lutando contra a inflação e acelerar o crescimento do PIB, a presidente se vê em meio a problemas com a basee ainda precisa neutralizar adversários



A base de Dilma Rousseff no Congresso é ampla - ao menos numericamente. Mas se o governador pernambucano, Eduardo Campos, lançar sua candidatura à presidência, abrirá uma alternativa para partidos aliados que, ao mesmo  tempo em que estão insatisfeitos com a presidente, não pretendem se aliar ao oposicionista Aécio Neves. O PSB de campos, hoje aliado da presidente, é tradicional aliado do PT. Por isso, uma ruptura significaria uma perda relevante para a candidatura de Dilma. Parte do impacto seria medida nos palanques estaduais. Em Santa Catarina, por exemplo, lideranças do PSD já declararam apoio a Campos - e não à presidente, como pretende o comando nacional do partido.


Faltam obras que possam alavancar a popularidade da presidente. Não há, no horizonte, nenhuma inauguração que possa ser usada como símbolo de eficiência administrativa. A transposição do Rio São Francisco continua apenas uma promessa; o trem-bala entre Rio e São Paulo ainda é apenas um projeto; as seis mil creches prometidas durante a campanha não devem ficar prontas antes de 2014. Resta ao governo abusar da criatividade estatística para dizer que a miséria, oficialmente, se aproxima da erradicação no país. Mas isso pode não ser suficiente para garantir a aprovação popular.


Os problemas da presidente com o Congresso não afetam diretamente a popularidade de Dilma. Mas, indiretamente, o efeito não pode ser desprezado. O Orçamento de 2013, por exemplo, só foi aprovado em fevereiro, dois meses depois do prazo adequado - e deputados e senadores tiveram sua parcela de culpa no atraso. A demora travou temporariamente os investimentos do governo. Na votação da Medida Provisória (MP) dos Portos, no mês passado, o fogo amigo veio do PMDB, o partido do vice-presidente Michel Temer. Eduardo Cunha (foto), o líder peemedebista na Câmara, testou os nervos da pesidente ao tentar aprovar uma emenda que desfigurava a proposta. PDT e PR também dão mostras frequentes de insatisfação com o governo.


Para tentar impulsionar o PIB, o governo Dilma vem anunciando uma série de medidas para estimular a atividade econômica, a maioria delas, para fortalecer o consumo. Apesar do esforço, a presidente não viu crescimento superior a 2,7%, registrado em 2011, e corre o risco de ver um novo “pibinho” em 2013, depois do resultado do PIB do primeiro trimestre ter vindo abaixo do esperado. Apesar da fraca atividade econômica, o país continua em pleno emprego, o que preserva ainda certa popularidade de Dilma. 


A inflação se tornou um dos principais vilões da economia este ano. Depois de encerrar 2012 em 5,84%, acima do centro da meta, de 4,5%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), continua elevado este ano. Em maio, apesar de uma leve desaceleração ante abril, a inflação atingiu o teto da meta no acumulado dos 12 meses, de 6,5%. Os preços elevados corroem a renda da população, reduzindo o poder de consumo, o que fere a popularidade da presidente. Apesar do cenário, Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, continuam dizendo que a inflação “está sob controle”. Mesmo com recente alta dos juros, usada pelo Banco Central como remédio de combate à inflação, o IPCA deve encerrar o ano em torno de 5,8%, de acordo com economistas ouvidos.