quarta-feira, 26 de junho de 2013

Grupo protesta na Central contra ação do Bope no Complexo da Maré











Cerca de 40 pessoas realizam manifestação, na manhã desta quarta-feira, em frente à Secretaria de Segurança, na região da Central do Brasil. O objetivo do grupo é protestar contra a ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, que terminou com nove mortos, sendo um policial, três moradores e cinco suspeitos.
A ação reúne estudantes e moradores da comunidade. Eles reclamam da truculência da polícia, que teria agredido trabalhadores. A estudante de Pedagogia Shirley Rosendo, de 29 anos, disse que ficou surpresa com o despreparo dos militares.


"Muita gente foi agredida, moradores apanharam da polícia. Temos relatos de que há mais mortos do que o divulgado pela PM. Algumas pessoas desapareceram e ainda não foram encontradas", afirmou.
Ela contou ainda que policiais do Bope teriam atacado suspeitos com facas, para evitar que o barulhos dos tiros alertasse os traficantes.
 

"Ao que sei, preliminarmente, não há esse tipo de notícia. Não fui informado disso. Mas vamos apurar e ser transparentes", afirmou.
Militares estão posicionados na entrada da Secretaria. O ato é pacífico.
Corpo de morador será enterrado nesta quarta
Eraldo Santos da Silva, de 41 anos, morto durante tiroteio na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte, será enterrado nesta quarta-feira, às 16h, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Govermador.


O garçom foi um dos três moradores mortos em confronto que deixou outras seis vítimas fatais, entre elas o sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, de 42 anos, e cinco suspeitos.
Na manhã desta quarta-feira, um blindado segue na frente da comunidade Nova Holanda, no 22ºBPM (Maré). A Força Nacional de Segurança está posicionada nos acessos à comunidade e a PM reforçou o policiamento na região.


Traficantes prometem retaliação na Maré
Inspirados no sucesso das manifestações convocadas pelas redes sociais, mas sem o mesmo intuito positivo, homens que seriam traficantes da Nova Holanda comemoravam a morte do sargento do Bope, lamentavam a de suspeitos e organizavam pelo Facebook atos de violência em repúdio à operação do Bope.
 

Sem medo da exposição, suspeitos exibiam fotos em seus perfis e já se mostravam organizados. Em tom de ameaça, um suposto criminoso que se identifica como ‘Tatajuba Silva’ prometia ataque em massa contra os policiais de madrugada.


Já o ‘Menor Rai’ postou vídeo de policiais falando sobre a dificuldade de trabalhar em morros. Outros torciam pela recuperação de bandidos feridos.
O professor Carlos Nepomuceno, 53 anos, que é especialista em mídias sociais e leciona há 10 anos no MBA do Coppe/UFRJ, comentou o tema:
“Pedófilos já utilizam essa ferramenta há muito tempo. O projeto de terrorismo do 11 de Setembro, nos Estados Unidos, também foi articulado pela Internet”, relembrou o professor. Ele acredita que o Brasil terá que criar antirredes inteligentes para desarticular essas organizações.



Guerra às vésperas de ocupação
Às vésperas de uma ocupação definitiva pelas forças de segurança na Maré, a guerra entre policiais e traficantes nesta terça naquele conjunto de favelas deixou rastro de nove mortos, protestos e revolta de moradores ilhados pela violência.
Os confrontos mais intensos foram travados a partir da noite de segunda-feira, quando policiais dos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) tentaram reprimir arrastão promovido por bandidos da Nova Holanda.
A morte de um sargento da tropa de elite desencadeou megaoperação que cercou a Maré com 400 agentes de quatro unidades por tempo indeterminado.
 

Entre os mortos, ao menos três moradores da comunidade: José Everton Silva de Oliveira, 21, o garçom Eraldo Santos da Silva, além de adolescente de 16 anos. O tiroteio durou cinco horas e podia ser ouvido da Avenida Brasil, onde muitos moradores permaneceram durante a madrugada de ontem, sem conseguir chegar em suas casas.

Alguns pontos da favela ficaram sem luz. A Força Nacional de Segurança deu apoio à operação.
A ação da polícia em busca dos assassinos do policial Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, de 42 anos, foi criticada por moradores e representantes de ONGs que atuam no complexo. Eles fizeram dois protestos, um deles pacífico, no interior da Nova Holanda.


“A mesma rajada de tiros atingiu nosso policial, o morador que morreu e deixou algumas pessoas feridas”, alegou o major Ivan Blaz, porta-voz do Bope.
À espera de laudos
A Divisão de Homicídios (DH) — que assumiu as investigações sobre as mortes — e a 21ª DP (Bonsucesso) fizeram perícias. “Se houve excesso, será reprimido. Se houve legitimidade, vamos legitimar a ação. Mas temos que esperar os laudos. A investigação não acabou”, disse o delegado Rivaldo Barbosa, da DH.



O subprocurador-geral de Justiça de Direitos Humanos e Terceiro Setor, Ertulei Laureano Matos, se reuniu nesta terça-feira com moradores e a deputada estadual Janira Rocha (Psol), numa ONG na favela.
O Ministério Público solicitou à Light a religação da luz imediatamente. A visita foi acompanhada pelo procurador Márcio Mothé Fernandes.

Perícia é acompanhada por defensores de Direitos Humanos

 
A perícia no local foi acompanhada por membros do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública e do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos do estado.
“Há muitas marcas de bala e sangue, projéteis pelo chão e portas arrebentadas. Com certeza, foram mortos em casa. Vamos acompanhar para saber se houve execução”, afirmou o defensor Henrique Guelber.
Três menores foram apreendidos, e três homens, presos. Eles estariam com drogas e pistola. Edvan Bezerri, o Ninho, de 29, foi interrogado sob suspeita de ter matado o sargento.
“Ele estava dormindo comigo, não há provas. Tive que trocar de roupa na frente de PM e levei tapa na cara”, disse a mulher do suspeito, de 15, grávida.