terça-feira, 18 de junho de 2013

Grupo deixa rastro de destruição após protesto no Centro

Um rastro de destruição foi deixado no Centro do Rio, na região próxima à Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), depois da intervenção do Batalhão de Choque da PM contra um grupo que promoveu atos de vandalismo no fim da manifestação contra o aumento das passagens de ônibus, o custo de vida, a corrupção e os péssimos serviços públicos, na noite desta segunda-feira.
Cerca de 100 mil pessoas participaram da manifestação contra o aumento da passagem de ônibus, entre outras demandas sociais. O protesto seguiu sem violência ou vandalismo na maior parte do tempo. No fim, um pequeno grupo causou incêndios, saque e depredação. Em várias capitais, a mensagem foi dada por multidões.
Pelo menos 25 pessoas foram detidas, entre elas um cadeirante e o filho do presidente da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa. Até às 6h, dez ainda não tinham sido liberados. A Chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, esteve na 5ª DP (Mém de Sá), onde o caso foi registrado, mas não falou com os jornalistas. Um policial do BP Choque foi autuado por abuso de autoridade.
Churrascaria e agência bancária são destruídas
Funcionários da Comlurb trabalham nesta terça-feira para limpar a fachada da Alerj e remover o lixo das ruas próximas. O prédio histórico do Paço Imperial, vizinho da Assembléia foi pichado. No total, 20 PMs e oito civis ficaram feridos, sendo quatro à bala. Um foi liberado. Leandro Silva dos Santos, ferido na perna, e um homem - que a família pediu para o nome não ser divulgado - baleado no tórax, estão em observação no Hospital Municipal Souza Aguiar (HSA), no Centro. Bruno Alves dos Santos está internado no Hospital Federal do Andarai (HFA), na Zona Norte.
Um dos estabelecimentos atacados pelo grupo foi a Churrascaria Ao Vivo, na Rua São José, em frente à Alerj. Segundo Marcos Cunha, de 44 anos, um dos sócios, os baderneiros - muitos mascarados - invadiram o estabelecimento, que estava fechado. O primeiro andar foi totalmente destruído, inclusive as câmaras do circuito de segurança.
Bebidas, TVs e outros eletrodomésticos foram roubados ou quebrados. Os vândalos também chegaram ao segundo andar onde também quebraram pertences e roubaram produtos. Eles não conseguiram chegar ao terceiro andar. O empresário calcula o prejuízo em cerca de R$ 200 mil. Ele criticou a ausência da PM.
"Assisti a tudo da minha casa, quando monitorava a movimentação das câmeras do circuito de segurança. Liguei e abri vários protocolos de atendimento pelo 190 e nada. A PM, pra gente que paga imposto, não vale nada. Não sei quem vai arcar com o prejuízo. Vou fazer uma faxina aqui e vender o estabelecimento. O seguro que temos é muito pequeno. Estou atônito", disse Marcos revoltado.
Ainda na Rua São José, uma loja de venda de chocolates e outra de sandálias pegaram fogo. Uma farmácia teve as vidraças destruídas e grades quebradas. A loja já estava fechada. Nenhum funcionários ficou ferido. Próximo, caixas eletrônicos de uma agência do Banco Itaú foram saqueados e totalmente destruídos. Outras nove agências - a maioria na Rua da Assembléia - que liga a Avenida Rio Branco à Alerj, também foram atacados e tiveram, na maioria, as vidraças quebradas.
Detidos alegam inocência e acusam PM de abuso de poder
A madrugada foi agitada nesta terça-feira na 5ª DP, para onde foram levados os detidos no fim da manifestação de segunda-feira. Antonio Carlos Costa, do Rio de Paz, viu o filho Mateus Mendes Costa, de 21 anos, ser levado pela polícia quando o protesto já tinha terminado.
Segundo o presidente da ONG, ele foi detido por estar com um cartaz com os dizeres Escola Pública Padrão Fifa. O pai considerou a prisão arbitrária, diz que foi maltratado e desrespeitado pelos policiais. O fato para ele, porém, servirá de ensinamento para o jovem, que é estudante de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).