sábado, 22 de junho de 2013

Em Curitiba-PR, 30 pessoas são presos após protesto com vandalismo

Ponto de ônibus é vandalizado em protestos Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
Curitiba teve, nesta sexta-feira, o dia mais violento dos protestos que estão tomando conta do Brasil nas últimas semanas. Até agora, a polícia militar registrou 30 prisões e três policiais feridos. Não há número oficial sobre civis feridos, mas muitos manifestantes foram atingidos por balas de borracha e pedras. Houve registro de saques e vandalismo em prédios públicos e privados.
Batizado de “Farofada do Transporte”, a manifestação desta noite reuniu, apesar da forte chuva que caía na cidade, 15 mil pessoas na Praça Rui Barbosa, principal terminal de ônibus da região central da cidade. A intenção dos organizadores era apenas concentrar o pessoal na própria praça, mas, divididos em vários grupos, os manifestantes decidiram sair em passeata. 
Parte dos participantes foi à Arena da Baixada, estádio que está em obras para a Copa do Mundo de 2014 e entrou em confronto com membros a Torcida Organizada Os Fanáticos, do Atlético Paranaense, proprietário do estádio, que estavam aguardando os manifestantes com paus e pedras.
A maior parte do grupo, no entanto, foi, novamente, até o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual. O batalhão de choque da polícia militar controlava os dois acessos aos portões do palácio, onde já ocorreram confrontos na segunda-feira e na quinta-feira, mas, um grupo de manifestantes passou a atacar os policiais com pedras, bombas de fabricação caseira e rojões, a ponto de ferir até outros manifestantes com pedradas.
Depois de cerca de uma hora imóveis, os policiais do Choque começaram a avançar, usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para fazer a multidão dispersar. Os manifestantes iam recuando por conta dos disparos de armas de efeito moral, mas mantinham o confronto com a polícia, que foi avançando, paulatinamente, por cerca de 1,5 km, levando mais de uma hora para conseguir dispersar a multidão.
No fim do protesto, o que se via era uma cena de guerra: orelhões, estações tubo, equipamentos urbanos destruídos, prédios públicos como a prefeitura e o fórum cível pichados e com as vidraças quebradas, lojas saqueadas e vários focos de incêndio. 
A Frente Popular pelo Transporte, que organizou as outras manifestações na capital paranaense, informou, antes da realização da “farofada”, que não estava à frente do ato desta quinta-feira. A organização da “farofada” admitiu que perdeu o controle e lembrou que seu evento era apenas a concentração na praça.
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) usaram o Facebook para comentar as cenas desta noite. Richa escreveu que “os responsáveis pela destruição no Centro Cívico serão identificados, presos e punidos”. Fruet disse que imagens e fotos dos responsáveis pelos atos de vandalismo serão enviadas à Policia Civil, Polícia Federal e ao Ministério Público “Mais do que nunca, peço diálogo entre os poderes, contenção de ânimos e toda segurança à cidade. É preciso separar manifestantes de vândalos”.
Já o secretário municipal de Comunicação, Gladimir Nascimento, estava na rua no momento da confusão. “É hora de quem defende a democracia, e sabe o que ela significa, refletir. Estão destruindo o patrimônio político construído ao longo de muitas décadas”, disse. “O que estamos vendo é político, e tem fundamento. Mas estamos ultrapassando o limite do bom senso. Qual é o projeto. Protesto sem projeto é o quê?”