Terceiro
país com maior consumo de cerveja no mundo, atrás apenas da China e dos Estados
Unidos, o Brasil vai iniciar uma pesquisa para avaliar os possíveis benefícios
do consumo moderado da bebida para o coração, assim como ocorre com o vinho.
Estudos
internacionais demonstram que ingerir cerveja em quantidades moderadas o que
significa beber de uma a duas latas por dia, no máximo tem um efeito protetor
nos vasos sanguíneos, evitando a aterosclerose (entupimento dos vasos) e um
possível infarto.
A pesquisa
será feita por meio de uma parceria da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC) com o Hospital do Coração (HCor), que vai conduzir os estudos com dois
grupos de voluntários: um de abstêmios e outro de pessoas que bebem cerveja
regularmente.
Outros
detalhes da pesquisa serão definidos no sábado, 1º de junho, durante o 34º
Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), após o
simpósio que vai apresentar os resultados de pesquisas feitas em animais na
Universidade de Barcelona, na Espanha, pela médica Lina Badimón.
Segundo o
médico Nabil Ghorayeb, da SBC, a pesquisa no Brasil deve seguir os passos da
experiência com o estudo do vinho, que já é feito no HCor. “Pelos resultados da
Espanha, deu para perceber que existe um paralelo muito semelhante ao observado
no vinho”, afirma ele. “Lá, o consumo moderado de cerveja reduziu os índices de
aterosclerose em animais”, diz.
Álcool
Segundo o
cardiologista Luiz Antônio Machado César, diretor do Núcleo Café e Coração do
Instituto do Coração (Incor), uma das hipóteses para explicar o efeito protetor
da cerveja nas artérias é o próprio álcool, além das vitaminas B3 e B6,
proteínas e sais minerais.
“Há estudos
que demonstram que o álcool em quantidades adequadas tem um efeito benéfico para
os vasos sanguíneos, evitando a aterosclerose. O problema são as alterações
deletérias do álcool nos outros órgãos, caso ele seja consumido em excesso”,
diz César. “Na pesquisa com animais, quando as quantidades de cerveja
ultrapassavam a quantidade tecnicamente efetiva, o quadro era de piora”,
complementa César.
Os médicos
reforçam a importância de uma pesquisa com uma das bebidas mais consumidas no
País. “Aqui a cerveja é muito mais diversão do que complemento alimentar. A
pesquisa vai avaliar o consumo como alimento”, diz César.