"Absurda e ineficaz"
Especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil criticaram a medida do MJ, classificada como "absurda" e "ineficaz".
Para o terapeuta Tito Gomes, especializado em dependência química há 20 anos, a medida vai apenas "enxugar gelo". "O que me impressiona é que aumentar o número de assistentes sociais e qualificar o tratamento para o usuário de drogas nas capitais ninguém quer. No Rio de Janeiro, um adulto usuário de crack internado para recuperação fica apenas 15 dias em clínicas, quando o mínimo recomendado é de três meses", disparou Gomes.
"Essa medida do Ministério da Justiça me deixa revoltado. Se estivéssemos nos Estados Unidos, alguns profissionais e governantes seriam condenados por má prática da Medicina. No entanto, aqui no Brasil...", critica o terapeuta.
Já para a psiquiatra Maria Thereza Aquino, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a medida vai contribuir ainda mais para a criminalização dos usuários de crack e outras drogas.
"Nunca vi um dinheiro tão mal empregado como o que se dispensa para essas câmeras de cracolândias. O governo federal deveria ampliar as clínicas de atendimento para usuários de drogas. Isso certamente seria mais eficaz para esvaziar as cracolândias. Que tal usar o dinheiro para treinar mais psicólogos para atuar nestas áreas?", questiona.
"O que as nossas autoridades ainda não descobriram é que todo usuário de crack acaba sendo um pequeno traficante. Há casos em que um usuário compra e revende para outros. Quem está numa cracolândia precisa de ajuda e não de castigo. Vão punir ainda mais os usuário de crack, que já estão abandonados nesta cidade", dispara. "No Rio, não há sequer onde internar usuários de crack. Faltou prioridade do governo federal. Há, certamente, coisas mais importantes do que meia dúzia de ônibus com câmeras".