sexta-feira, 19 de abril de 2013

Idosa é morta atropelada por ônibus em rodoviária no Rio

Alessandra Thomas, 35 anos, se sentia impotente nesta quinta-feira (18). Às 16:55hs, ela caminhava de um lado para o outro em uma parte isolada da Rodoviária Novo Rio em busca de uma resposta para a morte de sua mãe, cujo corpo havia sido removido momentos antes do local. Permanecia o ônibus que a atropelou quando dava marcha a ré, às 14:00hs, uma poça de sangue e a mala de Emilce Thomas Duarte de Oliveira, de 64 anos, aberta, com um pedaço de queijo esmagado pela roda do veículo.Desde que Emilce deixou o município de Porciúncula, no Norte Fluminense, levada pelo mesmo ônibus que a atropelou, Alessandra mantinha contato com a mãe pelo telefone. Queria saber se ela estava bem e queria também se certificar de que estaria na rodoviária para a receber, quando chegasse no Rio.
Emilce e o marido, que tem 72 anos, e até o fim da tarde não havia sido avisado do acidente, costumavam ir ao sítio em Porciúncula para viver a vida do campo, se distanciar um pouco da cidade e trazer um pouco de queijo do interior para os familiares. Em uma das ligações, Emilce cobrava: "Você vai me buscar porque eu quero ver a minha neta".
Alessandra estava na rodoviária quando a mãe chegou e atendeu ao pedido. Isabela, de 2 anos, ficou dormindo no carro com o pai enquanto a mãe foi até o portão de desembarque para ajudar Emilce a descer do ônibus e carregar as bagagens.
"Não tem plataforma marcada. Eu teria que pagar R$ 2 para poder entrar, mas como a minha mãe era idosa, o rapaz não cobrou. Mas eu tinha que esperar ela descer antes", disse Alessandra. A última vez que falou com a mãe, Emilce disse que o ônibus já estava para entrar na rodoviária. Eram 14h07.
Alessandra ficou aguardando, mas o ônibus que trouxe sua mãe não parou no setor de desembarque. Parou em uma plataforma improvisada do outro lado da pista. Quando o celular da mãe atendeu, 20 minutos após o ônibus ter chegado, quem estava na linha era um funcionário da rodoviária.
"Foi ele quem me deu a notícia", disse Alessandra. "Eles me atenderam, me deixaram em um quartinho com ar-condicionado. Se eu precisar telefonar, eu telefono, se eu precisar de qualquer coisa, eles fazem. Mas eu não sei o que eu preciso. Não sei nem o que fazer. Não sei mesmo."
Motorista indiciado
De acordo com a rodoviária, as plataformas instaladas ao lado do setor de embarque são utilizadas sempre que há aumento no fluxo de passageiros. O motorista do ônibus da Viação 1001 que atropelou Emilce, que passava por trás do veículo, foi encaminhado para a 4ª DP (Praça da República) para prestar depoimento. Há 12 anos na função pela empresa, Marcos Mourão Rodrigues foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, segundo a polícia.
Fiscais de empresas de ônibus que estavam no local no momento do atropelamento serão ouvidos e as imagens das câmeras da rodoviária foram solicitadas.