O ministro das Relações Exteriores, Antônio
Patriota, afirmou que o advogado dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia,
negocia com o governo do país vizinho a possibilidade de os torcedores cumprirem
prisão domiciliar, no Brasil, enquanto aguardam julgamento. Presos há 42 dias na
Bolívia, os corintianos são acusados de matar o jovem Kevin Espada após o
acionamento de um sinalizador durante a partida contra o San José, pela primeira
rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. Patriota afirmou, ainda, que o
silêncio do governo brasileiro sobre pontos do caso ajuda a resolver a situação
dos 12 presos em solo boliviano. "Vale a pena dizer que a firmeza do governo
brasileiro é a mais completa, não há afrouxamento. O que pode haver é uma certa
reserva em afirmar publicamente certas coisas que são ditas por interlocutores
porque isso em nada contribuiria para proteger os brasileiros ou para acelerar o
desenlace que estamos desejando", afirmou o ministro durante audiência pública
na Comissão de Assuntos Exteriores do Senado na manhã desta quinta-feira.
Antônio Patriota também pediu calma às partes envolvidas - incluindo o
presidente do Corinthians, Mário Gobbi -, e agradeceu os pedidos dos
parlamentares de proteção à integridade física dos presos (mais cedo, Patriota
afirmou que as condições carcerárias dos brasileiros são "precárias"), mas
alertou que muitas manifestações podem atrapalhar as negociações pela soltura
dos corintianos. "O objetivo que temos que perseguir é que as manifestações se
reinformem mutuamente e não atuem de maneira a enfraquecer as estratégias que
podem ser desenvolvidas para o desenlace desse episódio", disse. O ministro
negou que os corintianos estejam presos como "moeda de troca" pela situação do
senador boliviano Roger Pinto Molina, abrigado há 11 meses na embaixada
brasileira em La Paz. Molina é parlamentar opositor ao regime Moralez, e é
acusado pelo governo de corrupção. A possível negociação foi cogitada por um dos
presos, em entrevista publicada ontem pelo Terra.